Nova Iorque - O combate e a adaptação às mudanças climáticas se tornaram parte obrigatória de qualquer plano de desenvolvimento. E custarão, no Terceiro Mundo, US$ 475 bilhões por ano nos próximos 20 anos, segundo um relatório do Banco Mundial (Bird) divulgado ontem.
É a primeira vez que o tema do aquecimento global aparece como assunto principal do "World Development Report, uma espécie de guia anual publicado pelo Bird desde 1978.
O relatório vem num momento estratégico, a três meses da conferência da ONU em Copenhague, que forjará o novo acordo de proteção ao clima, e a oito dias do encontro do G20 que debaterá o assunto.
Segundo o documento, os efeitos da mudança climática mais tempestades, secas e ondas de calor , que já acontecem e tendem a se agravar, tornam mais difícil a tarefa de aliviar a pobreza, pois "drenam recursos do desenvolvimento e aumentam o preço da comida.
"Países em desenvolvimento são afetados desproporcionalmente pela mudança climática uma crise que eles não produziram e para a qual não estão preparados, disse Zoellick.
É nesses países, como o Brasil, que está o potencial de corte de emissões com menor custo. Mas esse corte terá de ser financiado pelos países ricos, diz o banco. E aqui há uma lacuna: hoje, ações de adaptação e de mitigação (redução de emissões) no Terceiro Mundo têm US$ 10 bilhões por ano. Mas o relatório estima que serão necessários US$ 400 bilhões por ano para a mitigação e US$ 75 bilhões para a adaptação.
O relatório aponta problemas nos atuais mecanismos de financiamento de ações antiaquecimento, como a venda de créditos de carbono. Outra lacuna apontada é a do desenvolvimento de tecnologias de energia limpa, em que o Brasil é citado devido ao etanol.
MídiaO relatório critica a imprensa, que poderia estar involuntariamente contribuindo para a "inércia do mundo para enfrentar o aquecimento global. Isso porque o catastrofismo da cobertura dos meios de comunicação poderia ter um efeito de imobilizar as pessoas.
A imprensa pode estar complicando as coisas ao passar a impressão de que não existe progresso científico e sim um conjunto de opiniões opostas. "A necessidade de apresentar matérias equilibradas tem dado uma cobertura desproporcional a céticos do clima que não têm conhecimento nem estatura científica.