O Quarteto de negociadores para a paz no Oriente Médio nomeou na quarta-feira Tony Blair como enviado especial para a região, dando ao ex-premiê britânico uma difícil missão em um dia marcado pelas mortes de 12 palestinos por forças israelenses na Faixa de Gaza.
O Quarteto, formado por Estados Unidos, Organização das Nações Unidas, União Européia e Rússia, fez o esperado anúncio pouco depois de Blair passar o cargo de premiê para seu colega de partido Gordon Brown. A hesitação russa de última hora acabou sendo superada.
Blair, que comandou a Grã-Bretanha por dez anos, conta com o forte apoio do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. Israel também disse aprovar a escolha, assim como o presidente palestino, Mahmoud Abbas.
Mas o Hamas, grupo radical islamita que tomou a Faixa de Gaza há duas semanas, dividindo o território palestino, chamou Blair de pró-Israel. Países árabes também têm reservas em relação ao britânico, que foi o maior aliado de Bush na invasão do Iraque, em 2003.
O próprio Blair disse ao Parlamento: "A prioridade absoluta é tentar colocar em prática o que hoje é consenso na comunidade internacional -- que a única maneira de levar a estabilidade e a paz ao Oriente Médio é uma solução com dois Estados ... Acredito que seja possível fazer isso, mas é algo que vai exigir uma enorme quantidade de dedicação e trabalho."
A expectativa do Quarteto é que Blair ajude Abbas a consolidar as instituições necessárias para um futuro Estado palestino, disseram diplomatas.
Blair vai "mobilizar assistência internacional para os palestinos", disse a porta-voz da ONU, Michele Montas, lembrando que ele "há muito tempo demonstra seu comprometimento com essa questão".
Forças israelenses mataram pelo menos 12 palestinos, a maioria combatentes, mas também um menino de 12 anos e outros civis, na pior ofensiva na Faixa de Gaza desde que o Hamas tomou o território, de acordo com fontes médicas.
A operação israelense na Cidade de Gaza e na cidade de Khan Younis indicou que o país pretende manter a pressão militar sobre o Hamas, além de isolar o grupo financeira e politicamente.
Fawzi Barhoum, porta-voz do Hamas, disse que a incursão israelense faz parte de uma "conspiração da qual Abbas participa e que visa a pressionar o Hamas e a população de Gaza".
Quatro dos nove militantes mortos pelas forças israelenses na operação pertenciam ao Hamas. Segundo testemunhas, o menino de 12 anos foi morto por uma granada lançada por um tanque israelense.
Sobre a operação, Abbas disse a repórteres: "Condenamos veementemente esses atos criminosos, seja em Gaza ou na Cisjordânia."