O primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Tony Blair, disse nesta sexta-feira que considera uma "total indecência" justificar o terrorismo com a guerra do Iraque, iniciada em março de 2003 e liderada por americanos e britânicos, como faz a rede Al-Qaeda.

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- A mesma gente que fazia ontem esses comentários é a que apóia as matanças de inocentes no Iraque, gente totalmente inocente no Afeganistão, gente inocente em todas as partes do mundo que quer viver em democracia - afirmou o premier, citando uma mensagem divulgada na quinta-feira, na qual o número dois na hierarquia da Al-Qaeda, Ayman al-Zawaihri, advertiu os britânicos, em vídeo, de que as políticas de Blair vão provocar "destruição maior" a Londres, numa aparente referência aos dois atentados coordenados de julho. No primeiro deles, em que morreram 56 pessoas, há fortes suspeitas de envolvimento da Al-Qaeda.

Blair anunciou nesta sexta-feira um plano para facilitar a deportação ou negar o ingresso na Grã-Bretanha de pessoas que apóiem o terrorismo.

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O ministro britânico do Interior, Charles Clarke, já tem plenos poderes para deportar o negar entrada na Grã-Bretanha de determinadas pessoas sob alegação de risco à segurança nacional, mas Blair deseja ampliar esses poderes.

O governo, segundo informou Blair, iniciará consultas com outros partidos políticos sobre o novo plano antiterror, que inclui considerar criminoso quem justificar ou glorificar atos terroristas.

O plano também contempla o rechaço a solicitações de asilo a quem esteja vinculado a atos terroristas, estabelece um limite máximo de tempo para proceder às extradições a outros países e estuda uma ampliação do período-limite de detenção de suspeitos antes de serem apresentadas acusações contra eles. O premier deseja, ainda, aumentar o número de juízes que atuam em casos de terrorismo.

- Que ninguém tenha dúvida de que as regras do jogo estão mudando - declarou Blair.

O premier disse que vai tornar ilegal o Hizb ut-Tahrir, um grupo que afirma querer criar um califado islâmico centrado no Oriente Médio. O Conselho Muçulmano da Grã-Bretanha afirmou acreditar que o grupo não seja violento, e alegou que a medida vai jogar a organização na clandestinidade.

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Shami Chakrabati, da ONG Liberty, condenou a disposição de Blair de passar por cima das leis de direitos humanos:

- Acho que isso mostra uma clara falta de respeito por alguns dos valores mais fundamentais de nossa democracia.

Blair justificou o plano alegando que "as circunstâncias e s nossa segurança nacional mudaram. Se necessário podemos emendar a lei de direitos humanos".