Uma mulher que se recusou a levantar seu punho no ar para demostrar apoio ao movimento Black Lives Matter (BLM) foi intimidada por dezenas de manifestantes, em sua maioria brancos, enquanto jantava em um restaurante em Washington DC na segunda-feira (24).
A multidão, vestida com camisetas pretas, confrontou os clientes brancos do restaurante, dizendo que eles estavam aproveitando de seu "privilégio branco" e que deveriam demostrar apoio à causa antirracista erguendo seus punhos. Lauren Victor, de 49 anos, que estava sentada do lado de fora do estabelecimento, recusou-se a fazê-lo. "Silêncio branco é violência!", gritaram os ativistas em coro.
Uma mulher perguntou a Lauren, gritando bem próximo ao rosto dela, se ela era cristã. A intimidação foi gravada e o vídeo viralizou, atraindo críticas de conservadores, e até mesmo de progressistas, à tática de confrontação usada pelos integrantes do BLM.
"Eu senti como se estivesse sob ataque", disse Lauren em uma entrevista à imprensa americana. Segundo o Washington Post, ela contou que apoiava o Black Lives Matter e que já havia participado de passeatas anteriores, mas disse que sentiu que era errado centenas de pessoas cercarem um pequeno grupo de clientes, abordá-los com as mãos levantadas e tentar convencê-los a dar uma demonstração de apoio. "Foi algo simplesmente opressor ter todas aquelas pessoas vindo até você. Ter uma multidão - com toda aquela energia - exigir que você faça isso. No momento não parecia certo".
Outras pessoas passaram pela mesma situação naquele dia, na mesma região da cidade, onde há vários restaurantes. Um casal foi chamado de "lixo" ao negar levantar os punhos, como demandavam os ativistas.
Os Estados Unidos estão vivendo mais uma onda de protestos antirracismo e tumultos depois que um policial branco atirou sete vezes contra o afro-americano Jacob Blake, que ficou paralítico após o incidente em Wisconsin, no domingo.
Alguns usuários nas redes sociais destacaram que ações como a que ocorreu em Washington na segunda-feira arruínam o movimento Black Lives Matter e apenas servem para favorecer a campanha de reeleição do presidente Donald Trump. O apresentador Joe Scarborough, da MSNBC, uma emissora considerada progressista, disse que os ativistas do BLM que intimidaram Lauren no restaurante eram "pessoas horríveis".