Caracas - No dia em que a ditadura cubana anunciava a chegada do cabo de fibra ótica venezuelano que acelerará as telecomunicações no país, a ativista Yoani Sánchez festejava o desbloqueio do seu blog e de um punhado de sites críticos até então impossíveis de acessar na ilha.
"Terminou o apagão", postou ontem a premiada blogueira, menos de 24 horas após notar, num hotel de Havana, que podia acessar seu "Geração Y" sem problemas.
O portal "Desde Cuba" inteiro, com vários outros blogs independentes, pode ser visto, assim como a página "Voces de Cuba". Sites informativos da dissidência como o influente Cubaencuentro.com também estão liberados.
Não só conteúdo político era barrado. Sites de classificados pela internet também.
"É uma notícia boa. Estou otimista que não seja algo temporário. Espero que simplesmente o governo tenha se dado conta de que o melhor para o país, neste momento, inclusive para os que o apoiam, é o livre mercado de ideias, disse o blogueiro Orlando Luis Pardo, um dos integrantes do portal "Voces de Cuba".
Pardo argumenta que, apesar de apenas 3% dos 12 milhões de habitantes da ilha terem acesso regular à rede, existem muitos centros de uso de internet grátis em universidades. "Os jovens podem estar interessados nesse outro tipo de expressão sobre o nosso país."
Yoani especulou o motivo do "buraco" na parede da censura: é que Havana recebe, desde o dia 7, um seminário internacional de informática, com "numerosos convidados estrangeiros ante os quais é melhor dar uma imagem de tolerância".
A blogueira torce para que "a vitória cidadã sobre os demônios do controle" não seja fruto de um erro e anuncia que estuda ferramentas para montar um jornal virtual.
Fibra ótica
Enquanto isso, em Santiago de Cuba, o ministro de Comunicação, Medardo Díaz, usava um termo semelhante ao de Yoani para comemorar a chegada do cabo de fibra ótica que ligará a ilha à Venezuela e à Jamaica.
"Abre uma brecha no bloqueio [americano], disse Díaz. Por causa do embargo, Cuba não está ligada por fibra ótica aos Estados Unidos e utiliza internet e telefonia via satélite.
O cabo custeado pela Venezuela e construído por uma empresa sino-francesa deve entrar em operação em julho, e o governo disse que liberação do acesso a todos não se deve a limitações "políticas", mas técnicas.
Os blogueiros também comemoram a chegada do cabo, que deve, na pior da hipóteses, engrossar o número de conexões domésticas feitas clandestinamente.
Boicote do agro ameaça abastecimento do Carrefour; bares e restaurantes aderem ao protesto
Cidade dos ricos visitada por Elon Musk no Brasil aposta em locações residenciais
Doações dos EUA para o Fundo Amazônia frustram expectativas e afetam política ambiental de Lula
Painéis solares no telhado: distribuidoras recusam conexão de 25% dos novos sistemas