A escala do bloqueio à internet e à telefonia celular em curso no Egito não tem precedentes na história de ambas as tecnologias disseram especialistas. Do presidente norte-americano, Barack Obama, aos milhões de integrantes das redes sociais e grupos de defesa dos direitos humanos, quase todos condenaram a decisão das autoridades egípcias. A derrubada de ambos os serviços tinha o objetivo, não alcançado, de impedir a organização dos protestos que reuniram centenas de milhares de pessoas em várias cidades do país.
"É a primeira vez que isso acontece na história da internet", afirmou Rik Ferguson, especialista da Trend Micro, terceira maior empresa de segurança de computadores do mundo. Julien Coulon, cofundador da Cedexis, francesa de monitoramento e gerenciamento de tráfego na web, confirmou: "Em 24 horas, perdemos 97% do tráfego da internet no Egito".
De acordo com a Renesys, companhia norte-americana de monitoramento da web, os quatro principais provedores do Egito cortaram o acesso internacional a seus clientes quase que simultaneamente, na noite de quinta-feira.
Cerca de 23 milhões de egípcios usam a internet de forma regular ou ocasional, de acordo com dados oficiais, o que representa mais de 25% da população. "Em uma ação sem precedentes na história da internet, o governo egípcio parece ter ordenado que os provedores derrubassem todas as conexões internacionais", afirmou James Cowie, da Renesys, em seu blog pessoal.
Os provedores Link Egypt, Vodafone/Raya, Telecom Egypt e Etisalat Misr ficaram fora do ar. A exceção foi o Noor Group, que ainda tinha 83 linhas em operação, segundo Cowie.
As redes de telefone celular voltaram a funcionar de forma parcial na manhã deste sábado, mas ficaram completamente fora de operação por várias horas. A britânica Vodafone, que opera no país, disse que todas as empresas foram "instruídas" a suspender os serviços na sexta-feira.
A pior interrupção de serviços de que se tinha notícia até agora ocorreu em 2007, em Mianmar, durante uma onda de protestos contra a junta militar que governava o país. Em 2009, nos protestos contra a reeleição do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, o governo proibiu os acessos ao Twitter e ao Facebook. As informações são da Dow Jones.
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