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Venezuela

Bolivarianos preparam batalha

Homem
passa por desenho de
Che Guevara
sob os olhos
de Simón Bolívar, em Caracas: ídolos do governo “bolivarianista” | Miguel Gutierrez/AFP
Homem passa por desenho de Che Guevara sob os olhos de Simón Bolívar, em Caracas: ídolos do governo “bolivarianista” (Foto: Miguel Gutierrez/AFP)

Charallave, Venezuela - Uma dona de casa de 54 anos solta uma estrondosa salva de tiros, quando pela primeira vez dispara com uma metralhadora. Quando a arma silencia, um instrutor grita "Mata esses gringos!".

Ela e milhares de outros civis estavam de uniforme verde-oliva para o treinamento de fim de semana em uma base do Exército venezuelano, onde eles aprendem a se arrastar por baixo do arame farpado, usar rifles de assalto e espreitar inimigos em combate.

Uma visita de dois dias de jornalistas da Associated Press a este campo de treinamento da Milícia Bolivariana da Venezuela revelou um grupo animado, em sua maioria homens e mulheres da classe baixa, entre eles estudantes e aposentados, unidos por seu apoio militante do presidente Hugo Chávez e a sua vontade de defender o governo.

Defender de quê? Alguns acreditam nas advertências de Chávez de que o "Império" norte-americano poderia atacar algum dia. É preciso estar preparado para sacrificar a vida, se necessário, para lutar contra "qualquer ameaça externa ou interna".

A Venezuela, apesar disso, nunca travou uma guerra contra nenhuma nação. A milícia é para Chávez uma ferramenta prática para envolver seus seguidores, manter o fervor nacionalista e intimidar oponentes, que poderiam considerar outro golpe como o superado por ele em 2002.

Os críticos de Chávez descrevem a milícia como um perigoso grupo de valentões armados, que poderia ser utilizado para ameaçar os opositores do governo, reprimir protestos e ajudar o presidente a manter-se no poder a todo custo.

Um dos princípios da milícia é constantemente martelado pelo grupo, quando se saúdam em uníssono, gritando: "Pátria socialista ou morte! Venceremos!"

Maravilha

Osmaira Pacheco, a dona de casa que empunhava a metralhadora, disse emocionada que aquela era uma experiência "maravilhosa", após disparar contra um boneco de palha vestido com uniforme militar. Acrescentou, um pouco mais séria, que não lhe agrada a ideia de matar al­­guém, seja norte-americano ou de outro país, e também espera que "nunca haja enfrentamentos de venezuelanos contra venezuelanos". "Mas se nos atacam de outro lugar, creio que estamos preparados para isso", avaliou a dona de casa, que estuda para ser professora em um programa gratuito do governo e é uma fervente admiradora do presidente. "Estamos preparados para apoiar as Forças Armadas, caso necessitem de nós."

Os membros da força de voluntários incluem desempregados e eletricistas, bancários e assistentes sociais. A maioria dos entrevistados durante o treinamento, na segunda semana de abril, disse que alguns deles são beneficiários dos programas gratuitos de educação do Estado ou trabalhadores do setor público. Não co­­bram remuneração, mas recebem perto de US$ 7 para compensar os custos de transporte para cada sessão do treinamento, em geral nos fins de semana.

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