O Ministério das Relações Exteriores da Bolívia informou neste domingo (22) que enviou cartas a três organizações internacionais para denunciar "atos de desestabilização" do ex-presidente Evo Morales de seus seguidores, que protestam em La Paz para exigir sua habilitação como candidato para as eleições de 2025.
"Expusemos à comunidade internacional os atos de desestabilização contra nosso governo", diz uma declaração oficial do Ministério das Relações Exteriores do governo do presidente Luis Arce.
As cartas foram enviadas ao secretário-geral da ONU, António Guterres, ao alto comissário da ONU para Direitos Humanos, Volker Türk, e a Tania Reneaum Panszi, secretária executiva da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (IACHR).
"Nosso governo tem um compromisso firme com a democracia, o respeito aos direitos humanos e a convicção de que o diálogo é a melhor maneira de lidar com as diferenças", afirma o comunicado.
A marcha dos setores que seguem Morales partiu na terça-feira da cidade de Caracollo, na região andina de Oruro, e neste domingo marca seu sexto dia de mobilização em direção à cidade de La Paz, sede do governo, e se prepara para chegar a Achica Arriba.
Os partidários do ex-presidente afirmam que se trata de uma marcha para "salvar a pátria" diante de problemas como a escassez de dólares e de combustível e o aumento do custo de alguns produtos básicos, além de exigir o respeito às resoluções de um congresso do Movimento ao Socialismo (MAS) realizado no ano passado - não reconhecido pelo Tribunal Eleitoral - no qual foi definida a candidatura de Morales para 2025.
O governo de Arce afirma que a manifestação promovida por Morales tem o objetivo de promover um "golpe de Estado" e fazer com que o chefe do Senado, Andrónico Rodríguez, que é próximo ao ex-governante, assuma a presidência do país para viabilizar sua candidatura.
Morales e Arce estão afastados desde o final de 2021 devido a diferenças na administração estatal que se aprofundaram sobre a necessidade de renovar a liderança nacional do MAS, ainda nas mãos do ex-presidente, algo sobre o qual as facções leais a ambos não conseguiram chegar a um acordo.
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