Uma noite de violência se seguiu à renúncia de Evo Morales do cargo de presidente da Bolívia neste domingo (10). Foram registrados incêndios, saques e ataques a casas de dirigentes do Movimento ao Socialismo (MAS), a ônibus e jornais. Até mesmo a casa do agora ex-mandatário em Cochabamba foi invadida e saqueada, segundo a emissora local Red Uno.
Em La Paz, o local mais atacado foi a sede do governo boliviano. O prefeito denunciou que uma multidão queimou 15 ônibus do serviço de transporte municipal que estavam em uma instalação no bairro de Kupillani.
A imprensa local também informou que apoiadores do MAS invadiram e incendiaram o canal de rádio e televisão Ichilo, filiada da rede Erbol, em Santa Cruz. O periódico Página Siete suspendeu seus trabalhos por segurança e anunciou que não circulará nesta segunda-feira. A casa de um jornalista também foi incendiada.
Morales denunciou, em suas redes sociais, que um "oficial da polícia anunciou publicamente que tem instrução para executar um mandado de prisão ilegal" contra ele. "Os golpistas destroem o Estado de Direito", tuitou ele na noite de domingo, horas após ter renunciado.
O líder da oposição em Santa Cruz, Luis Fernando Camacho, publicou um comunicado em que anuncia que foi emitida uma ordem de prisão contra Morales. "Desta maneira teremos justiça para todos os bolivianos", diz o representante do Comitê Pró Santa Cruz.
Polícia nega ordem de prisão
Em declarações a uma emissora privada, o general Yuri Vladimir Calderón, comandante da Polícia Nacional, negou as denúncias do ex-presidente.
"Quero esclarecer à população boliviana que não há mandado de prisão contra funcionários do Estado como Evo Morales e os ministros de seu gabinete", afirmou Calderón à emissora boliviana Unitel. Ele explicou que é o Ministério Público e não a polícia quem emite os mandados de prisão.
Calderón disse ainda que a "ordem foi emitida para os presidentes dos tribunais eleitorais departamentais e membros departamentais dos tribunais eleitorais".
Foi emitido um mandado de prisão contra María Eugenia Choque Quispe, que no domingo renunciou à presidência do Tribunal Supremo Eleitoral da Bolívia (TSE), e Antonio Costas, ex-vice-presidente do órgão.
Até agora, 25 mandados de prisão foram executados contra presidentes e membros dos diferentes tribunais eleitorais departamentais, disse Calderón.