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Um importante assessor do presidente boliviano, Evo Morales, fez nesta segunda-feira (17) uma dura crítica à política antidrogas do Brasil. O vice-ministro da Defesa Social da Bolívia, Felipe Cáceres, disse que as autoridades brasileiras não adotam uma política "coerente e eficaz" para combater o tráfico de drogas no país, mas culpam os camponeses bolivianos que cultivam coca por seus problemas com o narcotráfico.

"Os irmãos brasileiros jogam a culpa de seus problemas com o narcotráfico nos bolivianos, quando dizem que há uma maior produção de coca, e a relacionam com o aumento na quantidade de drogas disponível", afirmou Cáceres.

O ministro, que é ex-dirigente sindical cocaleiro, afirmou que é fácil jogar a culpa nos produtores de coca, nos humildes e nos camponeses. Para ele, no entanto, a culpa é das "máfias" que operam em São Paulo e no Rio de Janeiro, e que não foram controladas pelo Estado brasileiro.

Para Cáceres, o problema do Brasil está na falta de políticas "coerentes e eficazes" de combate ao consumo interno de drogas.

Cáceres, que é o encarregado da luta contra o narcotráfico no governo de Evo Morales, destacou o aumento na apreensão de drogas no país, que já chega a doze toneladas este ano.

Embora os Estados Unidos considerem a Bolívia como um dos principais produtores de drogas do mundo, o país não receberá sanções econômicas por isso, pois está trabalhando para erradicar 5.600 hectares de coca este ano.

Avanços na Bolívia

Um relatório do Departamento de Estado norte-americano divulgado nesta segunda-feira (17) afirma que a Bolívia obteve avanços no combate ao tráfico de drogas. Mas ressaltou que ainda pode melhorar.

O mesmo documento critica a Venezuela, cujo presidente, Hugo Chávez, é um dos maiores críticos do governo de George W. Bush. O texto diz que a Venezuela fracassou na cooperação com os Estados Unidos no combate ao narcotráfico.

Empenho latinoO documento identificou o Brasil, junto com Bolívia, Colômbia, República Dominicana, Equador, Guatemala, Haiti, Jamaica, México, Panamá, Paraguai, Peru e Venezuela, como países produtores de drogas ilícitas na América Latina ou que servem de trânsito para os entorpecentes chegarem aos Estados Unidos ou à Europa.

De todos esses países, só a Venezuela foi citada como nação que não está se empenhando o suficiente para combater as drogas ilícitas na região.

Exceções

"O presidente reportou ao Congresso sua determinação de que Birmânia e Venezuela 'falharam manifestadamente' nos últimos 12 meses em cumprir com suas obrigações segundo os acordos internacionais antinarcóticos e em adotar as medidas indicadas na lei norte-americana", afirmou a Casa Branca em uma nota, usando o antigo nome de Mianmar (Birmânia). Apesar disso, os EUA continuarão mantendo programas para ajudar as "instituições democráticas" na Venezuela, acrescentou a nota.

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, declara-se contra as políticas do governo do presidente George W. Bush, e rejeita os questionamentos ao combate ao tráfico feito por seu país.

A Bolívia, terceiro maior produtor mundial de cocaína, recebeu a certificação de estar cumprindo suas obrigações no combate às drogas, já que erradicou 5.600 hectares de plantações de coca nos últimos 12 meses.

Mesmo assim, os EUA continuaram manifestando preocupação com a expansão das plantações no país. A cultura de coca é defendida pelo presidente Evo Morales, ex-cocaleiro, como uma tradição boliviana.

"A Bolívia deveria reformar sua política nacional antidrogas para tornar prioridade a redução e a eventual eliminação do excesso de plantações de coca", afirmou a Casa Branca. O governo boliviano, através do ministro Alfredo Rada, classificou o relatório norte-americano de "colonialista e unilateral".

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