O chanceler da Bolívia acusou a Organização Mundial de Saúde (OMS) de não difundir os resultados de um suposto estudo sobre os benefícios da coca, o que seria vital para a campanha de seu país a favor do uso para mastigação da planta, uma prática ancestral entre os indígenas andinos.

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Segundo David Choquehuanca, durante entrevista a um canal de TV governamental, a investigação assegura que o consumo de folhas secas de coca "não afeta a saúde humana e recomenda realizar estudos científicos sobre as qualidades alimentícias e medicinais" da planta, que é matéria-prima para a cocaína.

Choquehuanca suspeita que "alguma potência" teve que influenciar para que a OMS não difunda o suposto estudo para a comunidade internacional. Ele assegurou que de maneira oficial não se sabe de objeções à emenda apresentada há 18 meses pela Bolívia para suspender a proibição à mastigação de coca, e que a Organização das Nações Unidas (ONU), através do Conselho Econômico e Social, vai se pronunciar sobre o caso em 31 de janeiro.

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A convenção sobre entorpecentes de 1961 da ONU proíbe a coca, considera ilegal a mastigação de suas folhas e determina um prazo de 25 anos para erradicar essa prática. Segundo Choquehuanca, o governo norte-americano não oficializou sua objeção ao pedido boliviano. O chanceler realizou uma viagem pela Europa na semana passada em busca de apoio. A Espanha manifestou publicamente seu respaldo, enquanto a França afirmou que vai estudar o caso, segundo Choquehuanca. A Bolívia também conseguiu o apoio dos países do Mercosul e da Unasul.

Choquehuanca explicou que "por enquanto não estamos pedindo a descriminalização da coca e sua retirada da lista de substâncias proibidas, mas sim a descriminalização da mastigação de coca". As folhas secas de coca têm um efeito estimulante leve e um profundo valor cultural e religioso para os povos indígenas dos Andes.