O governo da Bolívia afirmou neste domingo (25) que o senador da oposição Roger Pinto fugiu de seu país como um "criminoso" e que está ainda à espera de uma explicação oficial do Brasil sobre os detalhes do ocorrido.
"Essa fuga, obviamente, tem que ser explicada, tem que ser informada pelo próprio governo brasileiro. Não sabemos exatamente como foi feito, para isso existem nossas chancelarias", disse hoje à imprensa o ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana.
Pinto já está no Brasil, onde chegou na madrugada deste domingo após deixar a embaixada brasileira em La Paz, que o acolheu como asilado político desde o dia 28 de maio de 2012.
O governo boliviano sempre se negou a conceder o salvo-conduto necessário para que Pinto pudesse deixar seu país e vir ao Brasil, argumentando que ele não é um perseguido político, mas um acusado de corrupção.
"Pinto fugiu como um criminoso comum, como um delinquente que foge da prisão de Chonchocoro ou da prisão de São Pedro (ambas em La Paz)", acrescentou o ministro Quintana.
O alto funcionário disse que a Bolívia quer assumir este "ingrato episódio" com muita prudência, à espera de uma versão do Brasil pelas vias diplomáticas.
O senador boliviano saiu de seu país em um veículo oficial brasileiro e escoltado por soldados, disse hoje o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Ricardo Ferraço, que o recebeu em Brasília.
Quintana disse que entende que o próximo passo é pedir que a promotoria da Bolívia acione de forma automática uma ordem de prisão na Interpol de "um foragido da justiça".
A Presidência boliviana afirmou em comunicado que estão vigentes contra Pinto quatro ordens judiciais que o proíbem de deixar o país porque é acusado de "crimes comuns de corrupção pública com grave prejuízo econômico para o Estado Boliviano".
"A fuga do país transforma o senhor Pinto em um foragido da justiça boliviana. Portanto, serão acionados todos os dispositivos legais que correspondam a esse caso, tanto dentro do direito internacional, dos acordos bilaterais, assim como no marco do próprio Direito Interno boliviano", disse o comunicado.
Quintana enfatizou que toda a documentação sobre a informação e as denúncias contra Pinto foram entregues, em diversas reuniões, às autoridades do Brasil, concretamente ao ministro das Relações Exteriores Antonio Patriota.