Curitiba – Uma nação em suspenso. Mais uma vez a Bolívia atravessa turbulências políticas. Três meses depois da crise registrada durante o processo de nacionalização das jazidas de gás natural, uma decisão judicial colocou em dúvida as eleições gerais, previstas para 4 de dezembro.

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O Tribunal Constitucional (TC) aprovou, há uma semana, a redistribuição do número de cadeiras por regiões. Proposta baseada no último censo populacional de 2001. Assim, regiões como Santa Cruz e Cochabamba devem ganhar mais representantes no Poder Legislativo. La Paz, Potosi e Oruro são contrárias à medida judicial.

Se o Congresso não decidir sobre o tema no máximo até a próxima semana, as eleições terão de ser adiadas, comenta o ministro-conselheiro da Embaixada do Brasil em La Paz, Carmelito de Melo. "Esse entrave pode atrasar, por exemplo, a confecção de cédulas pelo Tribunal Nacional Eleitoral. O processo eleitoral está paralisado por enquanto."

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O presidente do Congresso Nacional, Sandro Giordano, declarou que dificilmente haverá eleições em 4 de dezembro e que pode haver um atraso de 40 dias, destaca Melo. "O clima é de total incerteza."

O presidente da Bolívia, Eduardo Rodríguez, se mostrou confiante na última semana de que o país irá manter o clima de paz até as eleições. Ele espera que o Congresso tome uma decisão sobre a polêmica redistribuição de cadeiras. Santa Cruz espera ampliar seu número de deputados de 22 para 26, Cochabamba de 18 para 20; La Paz pode enfrentar redução de 31 para 29, Oruro de 10 para 9 e Potosi de 15 para 12.

Para o pesquisador do Centro de Estudos Estratégicos Sul-Americanos, José Alexandre Hage, o posicionamento de Rodríguez é político e não há meios de assegurar a realização do pleito neste momento. "A decisão judicial pode ser um complicador no processo eleitoral." Por outro lado, pelo sistema atual, os indígenas, que são maioria no país, não se sentem representados, aponta.