La Paz – O vice-presidente da Bolívia, Alvaro García Linera, viajará hoje ao Brasil para negociar diretamente com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva um reajuste para o preço do gás natural boliviano, confirmou ontem o porta-voz do governo, Alex Contreras.

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Contreras ratificou que, sob ordem de uma equipe técnica do ministério de Hidrocarbonetos, García Linera "realizará entrevistas diretamente com o presidente Lula da Silva" para abordar o sensível tema do preço do combustível.

A viagem de dois dias de García Linera a Brasília ocorre em um momento de tensão nas relações entre ambas as nações devido à nacionalização dos hidrocarbonetos pela Bolívia, o que afeta a estatal petrolífera brasileira Petrobrás.

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As comissões técnicas bilaterais formadas para discutir as questões relacionadas com o contrato de compra e venda de gás boliviano não chegaram a nenhum acordo nos últimos dois meses, razão pela qual La Paz pediu negociações de caráter político com a administração Lula.

O ponto mais crítico das discussões – momentaneamente interrompidas – está na adequação do decreto de nacionalização dos hidrocarbonetos, promulgado pelo presidente Evo Morales no dia 1.º de maio, às atividades de produção e refino dos campos controlados pela Petrobrás. A situação parecia ter evoluído depois que o chanceler Celso Amorim anunciou recentemente que o Brasil admitirá uma alta "razoável" sobre os atuais US$ 4 por milhão de BTU (Unidade Térmica Britânica) pagos pelo Brasil.

Resistência

A Bolívia quer uma substancial elevação do preço de venda de seu gás, mas o Brasil até agora resistiu a essa possibilidade. Consultado sobre a eficácia da nacionalização, colocada em dúvida pela oposição e por alguns setores sociais, Contreras enfatizou que "não estamos enganando" a população. "A nacionalização já significa novos preços para o Estado boliviano e com certeza esses recursos não serão levados pelas transnacionais, mas ficarão no Tesouro Geral da Nação para que este os distribua de maneira transparente entre os bolivianos", precisou. Contreras aludiu ao reajuste de preços negociado em julho com o governo da Argentina, segundo comprador de gás boliviano, depois do Brasil.