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O procurador-geral da Bolívia, Ramiro Guerrero, liderou uma delegação que nesta quinta-feira (10) que pediu novamente ao governo dos Estados Unidos a extradição do ex-presidente Gonzalo Sánchez de Lozada e dois de seus ex-ministros, acusados pela repressão de protestos em 2003 que deixaram 60 mortos.

"Acrescentamos testemunhos e documentos que sustentam o pedido de extradição", disse à Agência Efe o procurador-geral, que ainda nesta quinta terá uma audiência com o Departamento de Justiça.

Guerrero acrescentou que o governo confirmou os domicílios dos ex-ministros bolivianos, "um deles está em Washington, os outros dois na Flórida".

O governo dos Estados Unidos já rejeitou em 2012 esse pedido, mas Fernando Díaz, da Procuradoria Geral boliviana, explicou à Efe que isso aconteceu porque "alguns procedimentos do tratado de extradição não foram cumpridos".

O governo da Bolívia quer julgar Sánchez de Lozada, o ex-ministro de Defesa Carlos Sánchez Berzaín, e o ex-ministro de Hidrocarbonetos Jorge Berindoagüe, acusados de cometer um "massacre sangrento", com homicídio, humilhações e torturas, lesões graves, privação de liberdade e revista de domicílios.

Os crimes teriam acontecido durante a repressão, em outubro de 2003, aos protestos contra a decisão do governo de Sánchez de Lozada de exportar gás boliviano aos Estados Unidos por um porto chileno.

A ministra da Justiça, Sandra Gutiérrez, que participou com Guerrero das reuniões com os funcionários americanos, disse que "esses foragidos da justiça têm que voltar à Bolívia porque devem prestar contas pelo genocídio, têm que ser julgados em nossos tribunais".

O advogado Freddy Ávalos, que representa as vítimas, demonstrou esperança de quem" em um curto espaço de tempo este senhor (Sánchez de Lozada) chegue à Bolívia seja submetido à justiça boliviana para responder por todos os delitos que cometeu em nosso país".

O pedido de extradição anterior não estava acompanhado de uma tradução dos documentos para o inglês realizada por um organismo oficial credenciado ao governo dos EUA, como exige a legislação americana e por isso foi negado.

"Obtivemos o trabalho de tradutores da Organização dos Estados Americanos", que custou ao governo boliviano um milhão de bolivianos (R$ 319.400), acrescentou.

"As traduções foram legalizadas no Ministério das Relações Exteriores da Bolívia, e o Departamento Consular da Embaixada dos EUA em La Paz autenticou e carimbou todos os documentos e traduções", disse o funcionário.

Seguindo o processo devido, o Departamento de Estado enviará o pedido de extradição ao Departamento de Justiça que avaliará as provas e as acusações antes de chegar a uma decisão.

Sánchez de Lozada e Sánchez Berzaín encaram, além disso, um processo em Fort Lauderdale, na Flórida, onde o juiz James Cohn aprovou em maio a causa civil aberta por familiares das vítimas da violência de 2003.

Na defesa

Os advogados que defendem os ex-ministros do governo boliviano pediram a Cohn que revise a decisão e não permita o avanço da ação civil. O juiz Cohn pode tomar uma decisão final sobre em agosto.

Após os incidentes violentos, Sánchez de Lozada renunciou à presidência da Bolívia em 17 de outubro de 2003 e viajou para os Estados Unidos, onde está desde então.

Por esse mesmo caso, a Corte Suprema de Justiça boliviana condenou em 2011 dois ex-ministros e cinco ex-militares que estavam no comando em 2003, a penas que vão de três a 15 anos de prisão.

O julgamento ficou suspenso para o ex-presidente e os dois ex-ministros até sua extradição já que a legislação boliviana não permite juízos tà revelia.

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