O governo interino da Bolívia anunciou nesta terça-feira (18) que abriu uma investigação sobre um suposto relacionamento que o ex-presidente Evo Morales teria tido com uma menina menor de idade, com quem ele teria tido um filho, informou a agência de notícias AFP. O vice-ministro de Justiça do governo interino, Guido Melgar, disse à rádio Fides que o assunto passou a ser investigado depois que o ministério recebeu uma denúncia, com documentos que comprovariam a relação.
"Este é um tema bastante, bastante delicado: trata-se da existência de uma menina. Então, não queremos ser imprudentes de estar jogando isto para o público sem ter as provas necessárias que demonstrem que o ex-presidente Morales manteve um relacionamento com uma menor de idade e, inclusive, teve um filho".
Esta, porém, não é a primeira denúncia do tipo que surge contra Evo Morales. A imprensa boliviana relatou no início do mês que a polícia estaria investigando um relacionamento que Morales teria tido com uma jovem de 14 anos - hoje com 19 anos - quando ele ainda era presidente.
A vida íntima do líder da esquerda boliviana também foi alvo de escrutínio em 2016, em meio ao referendo que negou a Morales a possibilidade de reeleição sem limites. Na época foi revelado que ele namorou Gabriela Zapata, ex-gerente de uma empresa chinesa com quem a Bolívia assinou contratos milionários e condenada a 10 anos de prisão por enriquecimento ilícito. Morales não foi implicado judicialmente no processo contra Zapata, mas disse que o caso contribuiu para a sua derrota no referendo daquele ano.
Sob o governo interino de Jeanine Áñez, Morales é alvo de pelo menos outras cinco investigações, inclusive por insurreição e terrorismo sob a alegação de que ele teria incitado protestos contra o novo governo, após sua queda, em outubro de 2019.
Morte da irmã
A irmã mais velha de Evo Morales, Esther Morales, morreu neste fim de semana depois de vários dias internadas por causa da Covid-19. O irmão famoso, exilado na Argentina, postou uma mensagem de condolências e criticou a perseguição à sua família. "Por que tanto ódio, racismo e perseguição política que me impedem de ver, pela última vez, minha única irmã”, escreveu no Twitter. Políticos rivais, porém, lembraram que, quando Evo estava no poder, também não puderam acompanhar os velórios de seus parentes quando estiveram em exílio.
A família tentava a transferência de Esther para um hospital com centro de tratamento intensivo quando a idosa de 70 anos, a quem Morales considerava como mãe, morreu. Sites de notícias bolivianos disseram que unidades com CTI que poderiam ter recebido Esther estavam sem estoque de oxigênio devido a bloqueios rodoviários mantidos por seguidores de Morales que protestavam contra o novo adiamento das eleições presidenciais no país.
A casa de Esther foi invadida e incendiada durante protestos pela saída de Evo Morales da presidência, em outubro de 2019.