• Carregando...

A Venezuela disse, nesta segunda-feira, que pode reconsiderar sua decisão de abandonar a Comunidade Andina de Nações (CAN) se a Colômbia e o Peru abdicarem dos tratados de livre-comércio recentemente negociados com os Estados Unidos. Em resposta a uma carta do boliviano Evo Morales, o presidente Hugo Chávez disse que seu país está disposto a se reunir com outros países do bloco para discutir a atual crise.

- Eu estaria disposto a reconsiderar a medida da Venezuela se a Colômbia e o Peru reconsiderarem o TLC Tratado de Livre Comércio - disse Chávez em entrevista coletiva.

Na manhã desta segunda-feira, a Bolívia sugeriu à Venezuela que reconsiderasse sua decisão de abandonar a CAN e que Colômbia e Peru deveriam, por sua vez, congelar os recém-negociados acordos comerciais com os EUA, de modo a facilitar um diálogo que evite o desaparecimento do grupo subregional.

Evo Morales disse a jornalistas estrangeiros que enviou na madrugada de segunda-feira uma carta a seus colegas da CAN pedindo que revejam suas posições e se unam à "luta dos povos que não estão com o livre-comércio".

Ele afirmou que, embora compartilhe das críticas feitas por Chávez ao processo de integração, considera que o desaparecimento da CAN não é a solução para a "verdadeira integração" ansiada pelos povos andinos.

Chávez anunciou na semana passada que abandonaria o bloco comercial mais antigo do Hemisfério Sul por discordar dos acertos de Lima e Bogotá com Washington.

- Fizemos uma convocatória para que reflitam profundamente. Não é o momento de nos retirar, é preciso ir à batalha - disse Morales, acrescentando que a Bolívia pretende "não somente salvar, mas também fortalecer a CAN".

Apesar disso, não falou em planos de uma cúpula subregional.

Horas antes de receber a proposta de Morales, a Colômbia disse que "a assinatura de tratados de livre-comércio é uma decisão soberana em desenvolvimento do princípio de autodeterminação dos povos."

Posteriormente, o presidente Álvaro Uribe apoiou a convocação do colega boliviano.

- Acho que está bem, isso precisa de um diálogo persistente e paciente. Acredito nesse diálogo, sobretudo quando terminarem essas angústias eleitorais no nosso país. Esse diálogo tem de ser construtivo, tem de ajudar muitíssimo - afirmou o presidente colombiano.

Colômbia e Peru, os dois países acusados por Chávez de ferirem mortalmente a CAN, estão imersos em processos de eleições presidenciais.

Morales advertiu que a crise da CAN pode afetar a capacidade de negociação do bloco junto à União Européia. Os dois grupos têm uma cúpula marcada para 9 de maio em Viena, e o presidente afirmou que a Bolívia participará independentemente do que acontecer com o bloco andino.

Segundo Morales, Chávez "tem toda a razão ao dizer que a CAN está para ser enterrada". Se a crise não se resolver, acrescentou, a Bolívia não assumirá em junho a presidência do grupo, atualmente ocupada pela Venezuela.

- Não é possível que os presidentes da Colômbia e do Peru, desconhecendo a luta dos povos, tenham de firmar um tratado de livre-comércio com os EUA, pior ainda em época de eleições - afirmou, acusando o peruano Alejandro Toledo de "trair o movimento indígena não só do Peru, mas da América Latina".

Toledo e Morales são de origem indígena.

O presidente boliviano disse que ainda é possível que Colômbia e Peru anulem seus tratados com os EUA antes da sua ratificação pelos respectivos Congressos. Ele sugeriu, como solução extrema, que os acordos sejam submetidos a referendos.

No caso do Equador, o quinto sócio da CAN, Morales aplaudiu as mobilizações sociais contra o acordo já negociado com os EUA - mas ainda não firmado. Washington suspendeu as negociações comerciais com Quito por discordâncias no plano proposto e por causa dos protestos sociais ocorridos no Equador.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]