A redução das compras brasileiras de gás natural complicou as finanças da Bolívia - cujo comércio responde por cerca de 41% da arrecadação nacional e ocupa o primeiro lugar nas exportações do país -, informou o ministro de Hidrocarbonetos, Isaac Avalos. O Brasil deixou de comprar diariamente 10 milhões de metros cúbicos de gás desde a semana passada devido à queda de consumo do produto, resultado das abundantes chuvas que alimentam as turbinas das usinas brasileiras de geração de energia hidrelétrica.

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"Isso significa algumas complicações e problemas econômicos para a Bolívia, porque são dez milhões (de metros cúbicos de gás) que não podemos exportar facilmente", disse o ministro na cidade de Santa Cruz.

Avalos informou que seu país ofereceu para a Argentina aumentar o fornecimento de 2,2 milhões de metros cúbicos diários. "Mas eles (a Argentina) também têm suas próprias dificuldades", reconheceu.

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Uma missão de três ministros viajará na tarde desta quinta-feira para o Brasil para negociar com as autoridades do país. A Bolívia está preocupada com a redução das vendas. "Vamos expressar ao Brasil nossa preocupação com a fragilidade e a facilidade com que se movem os volumes de gás", disse Avalos.

O Brasil compra 31 milhões de metros cúbicos diários de gás da Bolívia, mas baixou para 20 milhões de metros cúbicos nos últimos dias no mais drástico corte de compra desde 1996, quando os dois países passaram a negociar o produto. Apenas no ano passado o Brasil atingiu a compra do volume máximo de gás estabelecido pelos acordos bilaterais, pois antes suas necessidades não atingiam esse volume. Entre as propostas que serão levadas pela delegação boliviana está a de reativar a venda para uma termoelétrica de Cuiabá que há um ano deixou de ser abastecida pela Bolívia.

No último inverno, temporada de maior demanda do produto, o governo boliviano tentou inutilmente persuadir o Brasil a ceder parte de sua cota de gás para a Argentina, país para o qual a Bolívia deveria vender 7,7 milhões de metros cúbicos diários, mas não tinha condições de cumprir o contrato.

A falta de investimentos na Bolívia provocou a estagnação da produção de 41 milhões de metros cúbicos e não há perspectivas de um aumento significativo no curto prazo. Além do mais, a demanda interna também cresceu. As informações são da Associated Press.

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