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Protestos

Escalada de violência na Bolívia: um morto, 89 feridos e uma prefeita humilhada

Polícia de choque em confronto com apoiadores do Movimento ao Socialismo, em manifestação em apoio ao presidente boliviano Evo Morales em Cochabamba, 6 de novembro de 2019 (Foto: AFP)

Cochabamba, cidade da região central da Bolívia, teve mais um dia de protestos violentos nesta quarta-feira (6). Segundo o jornal La Razón, 89 pessoas ficaram feridas em enfrentamentos de manifestantes pró e contra o presidente Evo Morales, incluindo um jovem de 20 anos, Limbert Guzmán Vásquez, que foi levado a um hospital com morte cerebral. A imprensa informou mais tarde que Vázquez faleceu. O jovem foi a terceira pessoa a morrer desde que os conflitos começaram na Bolívia.

Em Vinto, uma cidade no departamento de Cochabamba, um grupo não identificado invadiu a prefeitura e levou à força a prefeita Patricia Arce, segundo a imprensa boliviana. "Eu estava com a prefeita e algumas mulheres com o rosto coberto a pegaram com pedaços de pau", disse um funcionário da prefeitura ao jornal El Deber.

Fotos e vídeos da Patricia Arce com o cabelo cortado e com o corpo coberto por tinta vermelha foram compartilhadas. Por fim, policiais resgataram a prefeita.

A missão da OEA na Bolívia condenou os atos de violência que tem ocorrido no país nos últimos dias e pediu para que a população tenha calma e aguarde o resultado da auditoria das eleições de 20 de outubro, que está sendo feita pela organização. "A violência não tem lugar na democracia", diz um comunicado emitido pela OEA.

Carta de renúncia

O líder cívico boliviano Luis Fernando Camacho viajou para a capital La Paz nesta quarta-feira com o objetivo de entregar uma carta com um pedido de renúncia ao presidente Evo Morales. Essa é a segunda tentativa de Camacho, que na terça-feira foi impedido de deixar o aeroporto internacional de El Alto, em La Paz, por um grupo de apoiadores de Morales. O avião que trouxe Camacho de Santa Cruz pousou no aeroporto de El Alto por volta das 19 horas (20 horas em Brasília).

Durante o dia, apoiadores e opositores de Evo Morales se concentraram nos arredores do aeroporto e dezenas de policiais tentavam impedir confrontos entre os grupos. O ministério do Governo havia informado mais cedo que garantiria a segurança durante a chegada do líder cívico.

Camacho é presidente do comitê cívico Pro Santa Cruz, um dos organizadores dos protestos contra os resultados da eleição presidencial que declarou Morales vitorioso em primeiro turno sob suspeitas de fraude. Ele pretende seguir amanhã para a Casa Grande del Pueblo, a residência presidencial em La Paz, segundo o jornal Los Tiempos. Lá, ele quer entregar a Morales uma carta de renúncia elaborada pelos opositores para que seja assinada pelo presidente. O seu plano é chegar à residência presidencial com uma marcha acompanhada de movimentos sociais, e garantiu que não sairá de lá até que Morales renuncie, informou o jornal El Deber.

Carlos Mesa, o candidato derrotado por Evo no primeiro turno das eleições, esteve no aeroporto para a chegada de Camacho e acusou a polícia de ter impedido que ele se aproximasse do líder opositor no aeroporto. "A polícia me bloqueou e impediu que me aproximasse de Camacho no momento de sua chegada no aeroporto. Denuncio esta violação aos meus direitos cidadãos", disse Mesa pelo Twitter.

Na terça-feira, Morales questionou a demanda dos opositores e garantiu que os comitês cívicos que denunciam fraude na eleição presidencial "não têm nenhuma prova" e tentam um golpe de Estado. "Pedem que Evo renuncie. Que renúncia? Aqui se cumpre a constituição e o voto dos cidadãos", disse o presidente boliviano.

Houve confrontos entre manifestantes em La Paz na noite de terça-feira, pelo menos oito pessoas ficaram feridas.

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