O presidente da Bolívia, Evo Morales, promulgou nesta segunda-feira uma lei que declara "patrimônio" e "zona intocável" o Território Indígena e Parque Nacional Isiboro-Secure (Tipnis), reserva ecológica de 1,2 milhão de hectares, colocando fim ao projeto para a construção de uma estrada que cortaria este território, com financiamento do BNDES e que ficaria a cargo da construtora brasileira OAS. Os protestos indígenas desencadearam uma forte crise administrativa no governo de Evo.
Na noite de segunda-feira, a Assembleia Legislativa boliviana, após longo debate, aprovou uma lei que garante que a estrada não será feita neste território. Os protestos indígenas já duravam mais de dois meses. Os índios realizaram uma marcha desde a região de Beni, a cerca de 390 quilômetros de La Paz, até a capital, que foi alcançada pelos manifestantes na quarta-feira da semana passada. Foi em La Paz que eles se reuniram com o presidente boliviano para discutir a questão.
"Nosso orgulho é havermos chegado até aqui, com a superação de várias dificuldades no trajeto. Evo poderia ter aprovado esta lei bem antes, mas, de qualquer forma, nós o agradecemos", disse Miriam Yuganore, uma das dirigentes da marcha. O líder do movimento, Fernando Vargas, lembrou da repressão policial contra os índios ocorrida em 25 de setembro, e que deixou vários feridos. Os índios alegam que a ordem para a abordagem ostensiva partiu de Evo. "O processo de troca não se dá com a violência, mas com cuidados para não agredir a biodiversidade", frisou Vargas. As informações são da Associated Press.
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