20 processos judiciais correm na Bolívia contra Roger Pinto Molina, acusado de crimes de corrupção e desvio de recursos. Segundo o governo boliviano, ele foi condenado a um ano de prisão em junho.
Embaixador diz que episódio afeta relações
O embaixador da Bolívia no Brasil, Jerjes Justiniano, classificou a saída do senador boliviano Roger Molina daquele país como uma "agressão" a acordos diplomáticos e à soberania do país
Após a saída de Antonio Patriota do Ministério das Relações Exteriores, o ministro da Defesa da Bolívia, Ruben Saavedra, disse que a expectativa do governo Evo Morales é resolver pela via diplomática o impasse criado pela retirada do senador Roger Pinto Molina da Embaixada do Brasil em La Paz.
O ministro boliviano reiterou que Pinto Molina é denunciado por crimes de corrupção e desvio de recursos. O senador, que estava há mais de um ano asilado na embaixada, fugiu para o Brasil no fim de semana com o auxílio da representação diplomática brasileira.
Em entrevista ao canal estatal de televisão na noite de segunda-feira, Saavedra insistiu que o governo da Bolívia quer que Pinto Molina responda por seus crimes. "O governo boliviano está com a maior boa vontade para esclarecer todos os fatos [envolvendo a retirada de Pinto Molina de La Paz]. Mas vamos tentar trabalhar para que Molina regresse ao país e responda na Justiça por seus delitos", ressaltou.
Saavedra disse que a Bolívia aguarda uma explicação oficial por parte do governo brasileiro sobre a retirada de Pinto Molina do país, "para tomar as providências que correspondam ao que determina o direito internacional". O governo da Bolívia acusou o Brasil de descumprir normas de convenção internacional.
Uma comissão foi nomeada pelo governo brasileiro para apurar a fuga do senador boliviano. O grupo será presidido pelo auditor-fiscal da Receita Federal Dionísio Carvalhedo Barbosa, que é hoje assessor especial do ministro-chefe da Controladoria Geral da União.
Novo ministro
O novo ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, tomará posse hoje, às 11 horas, no Palácio do Planalto. Antes, porém, há a expectativa de que ele encontre a presidente Dilma Rousseff, com quem ainda não falou pessoalmente desde sua nomeação para o cargo.
Dilma rebateu ontem afirmação do diplomata Eduardo Saboia, de que ele se sentiu na embaixada brasileira em La Paz com um "carcereiro do DOI-Codi". "Um governo age para proteger a vida. Nós não estamos em situação de exceção, não há nenhuma similaridade. Eu estive no DOI-Codi, eu sei o que é o DOI-Codi. É tão distante o DOI-Codi da Embaixada Brasileira lá em La Paz como é distante o céu do inferno. Literalmente isso", afirmou a presidente.
Ela afirmou ainda que "um país civilizado e democrático protege seus aliados" e que a Embaixada do Brasil é "extremamente confortável". Foi sua primeira declaração sobre o episódio depois da demissão de Antonio Patriota.