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A Bolívia recuperará "em breve" uma saída ao oceano Pacífico, disse nesta segunda-feira o presidente Evo Morales, rompendo a cautela com que costuma se referir às negociações com o Chile nesse sentido. O presidente boliviano fez uma rápida referência à mais que centenária reivindicação boliviana de recuperação de acesso soberano ao mar durante um discurso no Congresso, por ocasião do Dia da Independência. Ao deixar a Casa da Liberdade, em Sucre (sul), Morales foi vaiado pela primeira vez desde que assumiu a Presidência, num protesto de manifestantes que gritavam "fora, índio!".

- Bolívia, no coração da América do Sul, não tem saída ao mar, mas em breve teremos saída ao mar - disse Morales, ao destacar a escolha de Cochabamba como futura sede do Parlamento Sul-Americano.

Por estar no centro da Bolívia, disse o presidente, Cochabamba "está duplamente enclaustrada". A referência de Morales a um possível acordo com o Chile - país dono dos antigos territórios costeiros bolivianos desde a guerra do Pacífico (1879) - ocorre um dia depois de o cônsul da Bolívia em Santiago, Roberto Finot, afirmar que o diálogo já está pronto para uma "decisão política".

Finot, que é o principal representante da Bolívia no Chile, já que os dois países não mantêm relações diplomáticas plenas, disse no domingo ao jornal La Prensa que considera possível um acordo que dê à Bolívia um corredor até o Pacifico pelo extremo norte do Chile.

- Se eu não estivesse realmente convencido de que (o corredor) é possível e deve ser feito, não estaria cumprindo nenhuma função aqui (como cônsul em Santiago) - afirmou Finot.

Morales e a presidente chilena, Michelle Bachelet, se reuniram várias vezes desde que assumiram seus respectivos mandatos, no começo de 2006, e incluíram a reivindicação marítima boliviana em uma agenda de diálogo de 13 pontos.

A agenda não inclui uma possível integração energética - entre um Chile deficitário e uma Bolívia com abundantes reservas de gás -, mas ambos os governos abriram na semana passada um diálogo específico sobre projetos de interconexão elétrica, aproveitamento de águas termais e cooperação petrolífera. Finot disse que "solucionado o tema do mar, será facilitada a venda do gás" da Bolívia para o Chile.

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