Buenos Aires Uma sacola com dinheiro o equivalente a R$ 120 mil ou R$ 458 mil, conforme a versão achada no armário do banheiro da ministra da Economia argentina, Felisa Miceli, levou à abertura de uma investigação e a uma crise política a menos de quatro meses para a eleição do sucessor de Néstor Kirchner.
Miceli, 54 anos, diz que o dinheiro, encontrado no último dia 5 de junho no banheiro de seu escritório em uma perícia de rotina da Polícia Federal, seria usado para uma operação imobiliária. Ela admitiu em entrevista a jornais argentinos ter cometido um "erro", mas não um delito.
O governo, oficialmente, se deu por satisfeito com a explicação. O chefe-de-gabinete de Kirchner, Alberto Fernández, disse que a ministra está "totalmente confirmada no cargo" e que "não há possibilidade de que ela possa ser acusada de um delito". Nos bastidores, porém, estuda-se a opção que traria menos danos eleitorais: manter Miceli ou demiti-la.
A oposição não se convenceu das explicações e vai insistir que a ministra deponha à Justiça. Além de contradições entre o que disse Miceli a jornais na última sexta e a resposta inicial de seu porta-voz, o valor do dinheiro encontrado gera dúvidas: o jornalista que revelou o caso diz que o montante era de US$ 241 mil, enquanto o valor que a ministra admite era de 100 mil pesos e US$ 31 mil.
Além do inconveniente de ser investigada como ministra da Economia, área onde o governo Kirchner pode se vangloriar de sua atuação pelo crescimento médio anual de mais de 8%, Miceli causou desconforto ao atribuir a publicação das denúncias contra ela a uma "disputa interna" do governo.
Pesquisa publicada domingo pelo jornal "Perfil", o que revelou há dois domingos o encontro da bolsa de dinheiro, mostra que 63% da população não acreditou na sua justificativa.
Mesmo assim, o caso parece não ter afetado a candidatura da primeira-dama, Cristina Fernández de Kirchner, que subiu nas pesquisas na semana seguinte a seu lançamento na do consultor Enrique Zuleta Puceiro, foi de 46% a 49%.
Ontem, no ato em comemoração à Independência argentina, em San Miguel de Tucumán, com Miceli presente, Kirchner aparentemente se referiu ao caso quando disse que a oposição faria uma "campanha suja" para derrotar Cristina.
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