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Nacionalistas israelenses agitam sua bandeira nacional enquanto celebram o dia de Jerusalém no portão de Damasco da Cidade Velha em Jerusalém, em 13 de maio de 2018.  | MENAHEM KAHANA/AFP
Nacionalistas israelenses agitam sua bandeira nacional enquanto celebram o dia de Jerusalém no portão de Damasco da Cidade Velha em Jerusalém, em 13 de maio de 2018. | Foto: MENAHEM KAHANA/AFP

"Vocês podem contar com o voto do Brasil também na ONU". A frase, dita pelo presidente eleito Jair Bolsonaro ao jornal Israel Hayom (Israel Hoje) foi a manchete da edição desta quinta-feira (1º) do periódico israelense.

O jornal destacou, na primeira página, a intenção de Bolsonaro de transferir a embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém, a exemplo dos Estados Unidos e da Guatemala.

"Israel é um Estado soberano. Vocês decidem que é sua capital e nós vamos segui-los. Durante a campanha, me perguntaram se eu faria isso quando fosse nomeado presidente e eu disse que sim. Quanto à embaixada palestina, ela foi construída perto demais do palácio presidencial, portanto pretendemos transferi-la para outro lugar. Não há outro caminho, ao meu ver. Além disso, a Palestina antes precisa ser um Estado para que tenha direito a uma embaixada".

A entrevista —a primeira a um jornal estrangeiro após a eleição— será publicada na íntegra nesta sexta (2), mas o Israel Hayom adiantou trechos da conversa com o editor-chefe do jornal, Boaz Bismuth.

O jornalista foi diretamente ao assunto, perguntando se o próximo presidente do Brasil iria realmente transferir a embaixada de Tel Aviv para Jerusalém, medida polêmica que, na prática, é como reconhecer que Jerusalém é capital de Israel. Pela ONU, a cidade deveria ser internacionalizada. Já para os palestinos, deveria ser capital de seu futuro Estado independente.

Segundo o texto do Israel Hayom, Bolsonaro "deixou claro que sua simpatia em relação a Israel e promessas a respeito de Jerusalém não eram apenas um chamariz". "Dois anos atrás, visitei Israel e pretendo voltar", diz o presidente, na entrevista. "Amo o povo de Israel e o Estado de Israel."

A entrevista foi concedida um dia depois que a Folha de S.Paulo revelou que o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, pretende ir à posse de Bolsonaro, em 1° de janeiro.

Repercussão

A revelação foi repercutida pelos principais jornais israelenses e elevou o nível de interesse da imprensa local pelo resultado das eleições no Brasil. Até então, pouco se comentava sobre Bolsonaro, um nome desconhecido da maioria dos israelenses.

Além de Estados Unidos e Guatemala, que abriram embaixadas em Jerusalém em maio deste ano, o Paraguai também chegou a fazer a mudança no mesmo mês, com a presença do ex-presidente paraguaio Horacio Cartes. Mas, quatro meses depois, os paraguaios voltaram atrás da decisão. Em reação, Israel fechou sua embaixada em Assunção.

De acordo com a entrevista, Bolsonaro também prometeu que Israel contará com votos do Brasil em fóruns internacional como as Nações Unidas: "Vocês podem contar o nosso voto. Sei que muitas vezes a votação é quase simbólica, mas ajuda a definir a posição que um Estado quer apoiar".

O capitão reformado explicou ao jornal israelense o motivo de sua vitória: "Podemos atribuir a minha vitória a alguns pontos. Ao cansaço em relação aos políticos que transformaram a política em profissão, à corrupção, aos desrespeito aos valores familiares e à proximidade ao socialismo e ao comunismo por parte dos governos anteriores".

Fundado em 2007, o jornal Israel Hayom é bancado pelo milionário americano Sheldon Adelson, amigo pessoal e financiador de Netanyahu, e distribuído gratuitamente no país. Atualmente, é o jornal de maior circulação em Israel, superando diários mais tradicionais como Haaretz e Times of Israel.

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