Em meio à corrida eleitoral e diante de uma crise de imagem e econômica, o presidente argentino, Mauricio Macri, recebe nesta quinta-feira (6) Jair Bolsonaro em Buenos Aires, em uma tentativa, segundo analistas, de mostrar que tem apoio externo ao seu programa de estabilização econômica.
À semelhança do que ocorreu em sua viagem ao Chile, Bolsonaro será recebido por manifestantes contrários a seu governo. Na Casa Rosada, o discurso oficial é que não haverá danos à já combalida imagem de Macri. "Bolsonaro é um presidente eleito, em eleições cujos resultados não foram questionados. É um presidente com legítimo direito e, independentemente de qualquer orientação, a Argentina vai recebê-lo como recebe todos os presidente", afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo o ministro de Produção e Trabalho argentino, Dante Sica.
Macri pretende renovar suas credenciais econômicas ao receber Bolsonaro, segundo o analista Rosendo Fraga. "Para a estratégia de Macri, o apoio externo é importante para conter a instabilidade. Donald Trump o apoia publicamente e também os presidentes do Chile (Sebastián Pereira) e do Brasil. Pode ser que isso tenha um custo eleitoral para Macri, mas isso é incerto", diz.
Para Daniel Kerner, da consultoria de risco político Eurasia, a chapa kirchnerista deverá usar as imagens de Bolsonaro na Argentina contra Macri. Kerner, porém, acredita que o eleitor indeciso não deve ser influenciado por isso. "Ele está mais preocupados com a situação econômica", afirma – o Produto Interno Bruto (PIB) argentino caiu 2,5% no ano passado e, segundo projeções, recuará mais 1,2% em 2019, enquanto a inflação nos últimos 12 meses chegou a 55%.
Quem são os pré-candidatos
As eleições na Argentina ocorrem em 27 de outubro e os candidatos das coligações ainda não foram definidos nas primárias abertas e simultâneas, conhecidas por lá pela sigla PASO, que só ocorrem em 11 de agosto – nela, todos os eleitores podem votar, mesmo quem não for filiado ao partido. Os partidos, porém, devem anunciar suas alianças até 12 de junho.
Maurício Macri deve concorrer à reeleição pela coligação Cambiemos. Em 2015 ele fez história ao se eleger presidente mesmo sem pertencer a partidos tradicionais da Argentina, os peronistas e os radicais. Salvar a economia do país foi sua grande promessa de campanha, mas passados quase quatro anos, ele não conseguiu cumpri-la – e uma série de fatores independentes de sua vontade e competência tornaram a crise econômica da Argentina ainda pior. Recentemente adotou uma medida populista - o congelamento de preços - para tentar conter a inflação e talvez melhorar sua imagem perante à população.
Alberto Fernández é cotado para encabeçar a chapa kirchnerista. A ex-presidente e senadora Cristina Fernández kirchner, que vinha sendo apontada como a candidata com mais chances de vencer a disputa eleitoral de outubro, anunciou que concorreria como vice-presidente de Alberto Fernández - uma decisão inesperada e que provocou um turbilhão de articulações políticas no mês passado. Alberto já foi ex-chefe de gabinete de Néstor Kirchner, havia rompido com a administração de Cristina e nos últimos anos se reaproximou da ex-presidente. Segundo analistas, ele pode ter mais chances de conquistar uma aliança com os peronistas que não querem ter sua imagem associada à Cristina, envolvida em vários escândalos de corrupção.
Roberto Lavagna já anunciou sua candidatura como uma "terceira via". Trabalhou como ministro da Economia durante o governo de Néstor Kirchner, conseguindo recuperar a economia da Argentina de uma das mais graves crises de sua história - com a ajuda do mercado internacional de commodities. Assume um posicionamento centrista e em 2007 concorreu à presidência contra Cristina Kirchner, tendo terminado em terceiro lugar.
Sérgio Massa é uma incógnita. Seu apoio está sendo disputado pelos kirchneristas e os macristas e pode ser essencial em uma disputa apertada entre os dois blocos. Ele parece mais inclinado a aceitar a oferta da chapa Fernández-Fernández, mas até agora manteve o silêncio. Após o núncio de Cristina Kirchner, ele se afastou da coalizão Alternativa Federal, onde estava sendo cotado como pré-candidato à presidência. Massa foi deputado, prefeito de Trigre (subúrbio de Buenos Aires) e por um ano trabalhou no governo de Cristina Kirchner. Em 2013 ele rompeu com o kirchnerismo e fundou sua própria coalizão peronista (de esquerda), o massismo. Concorreu à presidência em 2015 e ficou em terceiro lugar.
Juan Manuel Urtubey será o candidato da Alternativa Federal. Se define como uma opção moderada e uma cara nova, podendo ganhar os votos da grande fatia de eleitores que querem recomeçar após anos de divisão Macri-Kirchner. Foi governador de Salta desde 2007 e, entre os políticos peronistas, é o que mais se aproxima de Macri (centro-direita). Joga contra ele o fato de que a Alternativa Federal perdeu apoio de dois grandes nomes, Massa e Lavagna, e por isso tem poucas chances de ganhar as eleições.
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