Um suposto homem-bomba matou 23 pessoas nesta terça-feira (19) em um hospital no noroeste do Paquistão, no mesmo momento em que membros de uma minoria religiosa xiita realizavam um protesto, segundo a polícia.
A violência na região é um duro teste para o governo de coalizão do país, especialmente depois da renúncia, na segunda-feira, do presidente Pervez Musharraf.
A bomba explodiu em frente a um hospital da região de Dera Ismail Khan, 280 quilômetros a sudoeste de Islamabad. No momento, havia uma manifestação de xiitas indignados com o assassinato de um líder seu, cujo corpo havia sido levado para aquele hospital horas antes.
A polícia atribuiu o ataque a militantes sunitas e disse que 23 pessoas morreram e até 20 ficaram feridas. "A área é atingida há muitos anos pela violência sectária, e este também é um incidente sectário", disse o chefe regional de polícia Naveed Malik Khan.
Uma autoridade municipal disse que a maior parte das vítimas era manifestantes.
Musharraf, que renunciou para não sofrer impeachment, era um dos principais aliados dos EUA na chamada "guerra ao terrorismo".
Sua saída causa preocupação em Washington e outras capitais, embora o governo de coalizão tenha prometido priorizar a segurança.
O Paquistão sofre uma onda de violência militante desde julho do ano passado, o que já provocou centenas de mortes. Mas a situação se acalmou parcialmente depois que o novo governo tomou posse, em março, e abriu um diálogo com os militantes.
Em junho, porém, o dirigente islâmico Baituallah Mehsud abandonou as negociações, e a violência voltou a crescer.
Tiroteio de 9 horas O fotógrafo Mustansar Baloch, que cobria o protesto, ficou levemente ferido na explosão. "Não dava para ver ou ouvir nada por alguns momentos após a explosão, mas aí vi corpos caídos no chão e os feridos estavam gritando", contou.
A polícia disse que o ataque foi resultado de rivalidades entre os sunitas e os xiitas, que compõem cerca de 15 por cento dos 160 milhões de habitantes do Paquistão.
Em outro incidente, relatado pelo governo, as forças paquistanesas mataram pelo menos 20 militantes islâmicos num confronto na região tribal de Bajaur, considerado um reduto de militantes da Al Qaeda e do Taliban, na fronteira com o Afeganistão.
O incidente aconteceu cerca de 25 quilômetros a leste de Khar, principal cidade da região, na noite de domingo. Horas antes, os militantes haviam atacado vários postos de controle das forças oficiais.
"O tiroteio durou cerca de nove horas, e temos relatos de que pelo menos 20 militantes foram mortos", disse Mohammad Jameel, funcionário do governo local, por telefone à Reuters.
Bajaur já fora neste mês cenário de violentos confrontos, quando militantes paquistaneses do Taliban atacaram um posto de segurança.
O governo estima que cerca de 170 pessoas já tenham morrido na região e que 100 mil tenham fugido das suas casas.
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