Aviões de guerra atacaram forças houthis que controlam a capital iemenita, Sanaa, e a região de maior predominância dessa comunidade, no norte do país, no segundo dia de uma campanha da Arábia Saudita para impedir que a milícia aliada do Irã amplie seu domínio por todo o Iêmen.
Em um reforço para a Arábia Saudita, a monarquia aliada que governa o Marrocos anunciou que irá unir-se à coalizão sunita rapidamente montada contra o grupo xiita, fornecendo apoio político, de inteligência, de logística e militar.
Mas o Paquistão, apontado pela Arábia Saudita na quinta-feira (26) como um parceiro na campanha integrada na maioria por países árabes do Golfo Pérsico, disse que não tomou nenhuma decisão sobre a possibilidade de contribuir, embora se comprometa a defender o reino contra qualquer ameaça à sua estabilidade.
Os ataques aéreos, iniciados na quinta-feira, representam uma abrupta intensificação da crise no Iêmen, na qual as monarquias sunitas do Golfo apoiam o sitiado presidente Abd-Rabbu Mansour Hadi e seus aliados sunitas no sul do Iêmen contra o avanço xiita.
Nesta sexta-feira (27), os clérigos nas mesquitas em Riad fizeram sermões inflamados contra os houthis e seus aliados iranianos, descrevendo a luta como um dever religioso. O principal conselho clerical da Arábia Saudita emitiu uma fatwa (édito religioso) na quinta-feira, dando sua bênção para a campanha militar. Na capital iraniana, Teerã, o aiatolá Kazem Sadeghi, que comanda orações na sexta-feira, descreveu os ataques como “uma agressão e ingerência nos assuntos internos do Iêmen”.
Moradores de Sanaa disseram que aviões atacaram bases da Guarda Republicana, aliada aos houthis, incluindo uma localizada perto do complexo presidencial, em um distrito do sul, por volta do amanhecer, e também atingiram as imediações de uma instalação militar que abriga mísseis.
A iniciativa saudita é a mais recente investida de uma crescente ação regional para fazer frente ao Irã, em um confronto que também se desenrola na Síria, onde o governo iraniano apoia o presidente Bashar al Assad, e no Iraque, país em que milícias xiitas apoiadas pelo Irã estão desempenhando um papel importante na luta contra o Estado Islâmico.
Os Guardas Republicanos são leais ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh, principal aliado dos houthis, que ainda mantém ampla influência no país, apesar de ter sido forçado a deixar o cargo em 2011, depois de protestos da Primavera Árabe.
Ataques aéreos anteriores ao sul da cidade e da região de Marib, produtora de petróleo, parecem visar instalações militares aliadas a Saleh. Aviões de guerra atacaram também dois distritos na província setentrional de Saada, da comunidade houthi, informaram fontes tribais. Os bombardeios atingiram um mercado em Kataf al-Bokaa, no norte de Saada, matando ou ferindo 15 pessoas, disseram. O distrito de Shada também foi bombardeado.
A coalizão iniciou ataques aéreos na quinta-feira para tentar reverter os avanços dos houthis no país, situado na Península Arábica, e para reforçar a autoridade do presidente Hadi, que ficara escondido em Áden depois de fugir de Sanaa, em fevereiro.
Hadi deixou Áden na quinta-feira e iria comparecer a uma reunião de cúpula árabe no Egito, no sábado, onde pretende buscar reforço no apoio árabe para os ataques aéreos. Ele chegou à Arábia Saudita na quinta-feira através de Omã, onde um funcionário do Ministério das Relações Exteriores disse que Hadi inha tido um check-up médico antes de se dirigir para o reino saudita.
A campanha da Arábia Saudita levantou o moral de parte dos árabes do Golfo Pérsico que vê com inquietação a crescente influência do Irã na região.
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