Bombas mataram ao menos 35 pessoas na segunda-feira num centro de recrutamento da polícia na região central do Iraque e em um mercado no norte do país, enquanto os políticos discutem uma lei federativa que segundo alguns pode provocar uma guerra civil.
As autoridades dos EUA alertaram para um aumento da violência por parte da Al-Qaeda e de outros grupos sunitas que combatem o governo xiita, nos dias que antecedem ao mês sagrado do ramadã, que começa em dez dias.
No pior incidente do dia, uma bomba matou 17 pessoas num mercado de Tal Afar, no norte do Iraque, segundo a polícia. Na vizinha Mosul, as autoridades atribuíram o ataque a um homem-bomba.
Antes, um carro-bomba guiado por um suicida matou 13 pessoas em Ramadi, reduto da insurgência sunita a oeste de Bagdá. O policial Ahmed Ali disse à Reuters que o motorista agiu em frente a um centro de recrutamento onde havia vários voluntários tentando se alistar na polícia.
A cidade é capital da Província de Anbar, onde os EUA sofrem suas piores baixas na guerra. Grupos militantes, inclusive a Al-Qaeda, freqüentemente atacam centros de recrutamento do Exército e da polícia, cuja formação é essencial para que os EUA eventualmente retirem suas forças do país.
Líderes sunitas e xiitas tentam chegar a um acordo de última hora para superar o impasse a respeito de um projeto de lei que institui o federalismo no Iraque.
Os parlamentares xiitas querem apresentar o projeto na terça-feira, apesar da oposição da minoria árabe sunita, que deseja emendas à Constituição para garantir mais direitos para si.
Alguns líderes xiitas querem criar uma "super-região" no sul do país, rico em petróleo, espelhando a autonomia que os curdos já desfrutam no norte.
Os sunitas temem que isso provoque a fragmentação do país e que deixe a minoria sem acesso à riqueza do petróleo, que se concentra no norte e no sul.
O governo do primeiro-ministro Nuri Al Maliki disse que vai substituir nesta semana as tropas estrangeiras no controle de uma segunda das 15 Províncias não-curdas do país.
A Província de Muthana foi transferida em julho dos britânicos para os iraquianos. Agora será a vez de Dhi Qar, também no sul do país, atualmente ocupada por tropas italianas sob comando britânico.
Maliki diz que suas forças vão controlar a maior parte do Iraque até o final do ano, mas outros membros do gabinete são mais cautelosos.
O governo também anunciou que vai assumir o controle da segunda de dez divisões do Exército, atualmente sob comando dos EUA.
Treinamento
De acordo com um plano americano destinado a impedir a infiltração de esquadrões da morte sectários nas forças locais, toda a polícia iraquiana vai se submeter a um mês de retreinamento, disse na segunda-feira uma fonte do Ministério do Interior.
Os sunitas, que dominavam o país sob o regime de Saddam Hussein, agora formam a maior parte da insurgência contra o governo xiita. Na tentativa de conter a rebelião, Maliki incluiu sunitas no seu governo de união nacional.
Mas muitos sunitas dizem que as milícias xiitas que operam dentro das forças policiais são parcialmente responsáveis por uma onda de homicídios que a cada dia resulta na descoberta de corpos torturados em Bagdá.
Na segunda-feira, foram achados mais 14 cadáveres em vários pontos da capital, todos com balas na cabeça, segundo uma fonte do Ministério do Interior. Nos últimos seis dias, mais de 200 corpos foram encontrados.
Um grupo que tenta ficar afastado dos conflitos é o dos cristãos iraquianos, com cerca de 1 milhão de membros. Mas a palestra feita na semana passada pelo Papa Bento XVI, com alusões à suposta violência intrínseca do Islã, cria temores de que os cristãos do país passem a ser alvo de ataques.
Uma coalizão militante sunita sob o comando da Al-Qaeda iraquiana prometeu na segunda-feira uma guerra aos "adoradores da cruz". Em Basra, cidade xiita no sul do país, um protesto atraiu cerca de 150 pessoas, que queimaram uma foto do pontífice.
O governo pediu aos muçulmanos que não expressem sua ira em ataques contra a população cristã.
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