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‘Boom’ de venezuelanos faz prefeitura brasileira buscar professores de espanhol

Venezuelanos cruzam fronteira de países vizinhos em busca de melhores condições de vida | SCHNEYDER MENDOZA/
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Venezuelanos cruzam fronteira de países vizinhos em busca de melhores condições de vida (Foto: SCHNEYDER MENDOZA/ AFP)

A entrada de refugiados venezuelanos no Brasil pela fronteira em Roraima e a precária situação profissional encontrada por eles na capital do estado, Boa Vista, levou a prefeitura da cidade a criar um programa público de educação que pode auxiliar na crise social e migratória, e também beneficiar as crianças da rede escolar municipal. Segundo o Ministério da Justiça, o número de pedidos de refúgio no país mais que quadruplicou nos últimos dois anos. Em 2015, foram 829 pedidos e, este ano, foram registradas mais de 3,9 mil solicitações, a maioria para a Roraima.

Na semana que vem, a prefeita Teresa Surita (PMDB) deve apresentar à Câmara de Vereadores um projeto para adoção da língua espanhola nos currículos, atendendo aos alunos do ensino fundamental da 1.ª à 5.ª séries. "Esse projeto permitirá a contratação de professores de espanhol para as crianças em todas as escolas municipais", disse na sexta-feira (4), a procuradora-geral de Boa Vista, Marcela Medeiros. Pela proposta, devem ser contratados professores, brasileiros e estrangeiros, que apresentem formação e fluência em espanhol.

A medida foi antecipada pela prefeita em sua conta do Twitter durante a semana. "Vou inserir no curriculum de nossas escolas o espanhol e contratar professores venezuelanos que estão em Boa Vista e não conseguem emprego", escreveu a prefeita. 

"Inclua os professores formados em espanhol aqui no Estado. Há muitos esperando uma oportunidade. Inclusive eu", reivindicou Rute Rodrigues, respondendo à mensagem da prefeita na rede social. Segundo a procuradora-geral do município, a equipe trabalha para finalizar os detalhes do projeto com a expectativa de que a autorização legal, em regime de urgência, esteja pronta em setembro. "Queremos que as contratações comecem o quanto antes", disse a procuradora. 

A proposta prevê também a contratação de professores-assistentes. Com isso, segundo a procuradora, a prefeitura espera ampliar a oferta de trabalho para os refugiados e facilitar, igualmente, a integração dos filhos dessa comunidade de imigrantes que está fugindo da crise na Venezuela. "Temos hoje 460 crianças venezuelanas da rede", justifica. 

Integração

De acordo com Marcela Medeiros, a prefeitura tem cerca de 39 mil alunos matriculados. Ela ainda não calcula o total de crianças beneficiadas com o ensino da nova língua nas escolas. "Ainda não sabemos exatamente. Estamos trabalhando nisso", argumentou. "Mas acredito que temos uma oportunidade não só para trabalhar a integração dos venezuelanos, mas também de oferecer alternativa educacional para nossas crianças", disse a procuradora. 

A Justiça de Roraima determinou recentemente que seja suspensa a cobrança da taxa antes exigida para que os venezuelanos registrassem pedidos de refúgio no Brasil. O valor, de cerca de R$ 300, era proibitivo para a maioria dos que chegam.

Mortes

Segundo o Observatório Venezuelano de Conflitos Sociais, nos últimos quatro meses foram registrados 6.729 protestos no país. Desde abril, 160 pessoas morreram, entre civis, apoiadores e opositores do governo de Nicolás Maduro.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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