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O presidente do Chile, Gabriel Boric, convocou nesta quarta-feira (17) o embaixador da Argentina em Santiago, Jorge Faurie, para protestar contra declarações da ministra da Segurança da gestão de Javier Milei, Patricia Bullrich.
Segundo informações do jornal Clarín, em declarações à imprensa argentina, a ministra manifestou na segunda-feira (15) preocupação com as relações da Bolívia com o Irã, apoiador do Hezbollah, e disse que há combatentes do grupo terrorista libanês no Brasil e no Chile.
“O Hezbollah tem células que foram descobertas no ano passado, mas dois [membros] fugiram em São Paulo. São satélites do Irã. Na Argentina, agiram sob ordens do Irã”, disse Bullrich.
Na semana passada, a Sala II do Tribunal Federal de Cassação Criminal da Argentina atribuiu ao Irã a responsabilidade por dois atentados no país nos anos 1990, concluindo que foram praticados pelo Hezbollah “sob a inspiração, organização, planejamento e financiamento de organizações estatais e paraestatais subordinadas” a Teerã.
Foram os dois maiores ataques terroristas da história do país sul-americano: o atentado em Buenos Aires que matou 85 pessoas em 1994, na sede da Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), e o ataque à Embaixada de Israel dois anos antes, que havia deixado 29 mortos.
A ministra do Interior chilena, Carolina Tohá, rebateu as declarações de Bullrich e disse que “neste momento, o Chile não tem ameaças de ataques do Hezbollah”. E aproveitou para alfinetar a ministra argentina.
“Quando uma autoridade tem suspeitas ou histórico de questões sensíveis nesta matéria [terrorismo], o canal para fazer essas observações é através da colaboração de inteligência e da colaboração policial”, afirmou Tohá.
O subsecretário do Interior chileno, Manuel Monsalve, insinuou nesta quarta-feira que o objetivo do governo Milei e de “alguns senadores dos Estados Unidos” ao falar da suposta presença do Hezbollah do Chile seria “prejudicar a imagem do país”. O Itamaraty ainda não se pronunciou sobre as declarações de Bullrich.