Dominic Cummings, assessor especial do governo britânico, encontra manifestantes na frente de sua casa em Londres após voltar de coletiva de imprensa, 25 de maio| Foto: Tolga AKMEN / AFP
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Dominic Cummings, um dos assessores mais próximos do primeiro-ministro britânico Boris Johnson, recusou-se a renunciar nesta segunda-feira (25) e disse que não fez nada de errado ao furar a quarentena enquanto o governo do Reino Unido orientava os seus cidadãos a ficarem em casa.

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O premiê e seu assessor têm sido alvo de críticas desde sexta-feira, quando os jornais The Guardian e Daily Mirror revelaram os deslocamentos de Cummings. Policiais, bispos e parlamentares, incluindo aliados de Johnson, pediram a demissão do assessor. Outras personalidades e entidades cobraram explicações.

Cummings dirigiu cerca de 400 quilômetros de Londres a Durham, nordeste da Inglaterra, para ficar isolado na casa de seus pais, depois que a esposa dele apresentou sintomas de Covid-19. O assessor fez um pronunciamento na tarde desta segunda-feira respondendo às críticas por ter se deslocado no final de abril e começo de maio, enquanto viagens não-essenciais estavam proibidas no país.

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"As regras deixam claro que cuidar de crianças pequenas pode ser uma circunstância excepcional, e acho que essas eram circunstâncias excepcionais", disse Cummings, segundo o Guardian. O assessor disse que recebeu uma ligação de sua esposa no dia 27 de março, enquanto estava no trabalho, em que ela disse que estava doente e sozinha em casa com o filho deles, de quatro anos.

Dois sobrinhos de Cummings ofereceram ajuda para cuidar da criança na propriedade dos pais dele em Durham, que tem casas separadas onde a família poderia ficar isolada caso necessário. No mesmo dia, ele viajou para a cidade com a esposa e o filho. O assessor ficou doente no dia seguinte. O filho do casal também ficou doente e foi transportado de ambulância a um hospital da região, onde passou a noite.

Cummings admitiu que, enquanto a família estava na propriedade em Durham, dirigiu até a cidade turística de Barnard Castle, a cerca de 50 quilômetros de distância. Ele argumentou que a viagem, feita com esposa e filho, era essencial para testar se sua visão estava em boa condição antes de voltar de carro para Londres, relatou a imprensa britânica.

Boris Johnson defendeu o seu braço direito em uma entrevista coletiva no domingo, afirmando que Cummings agiu "com responsabilidade, legalidade e com integridade" e que seguiu os "instintos que qualquer pai ou familiar seguiriam" para procurar cuidados para o seu filho.

No entanto, o próprio primeiro-ministro havia orientado, em março, que a população não deveria recorrer à ajuda de avós e familiares mais velhos para cuidas das crianças durante a pandemia.

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Outros membros do governo, como o ministro das Relações Exteriores, Dominic Raab, e o ministro de Estado, Michael Gove, também saíram em defesa de Cummings.

Mas cerca de 20 parlamentares conservadores pediram publicamente a renúncia ou a demissão de Cummings, alegando que foram inundados por mensagens de eleitores que não concordam com diferenças de regras para os cidadãos comuns e para pessoas do governo.

No Reino Unido, mais de 262 mil casos e 36,9 mil mortes por Covid-19 foram confirmados até esta segunda-feira, segundo a Universidade Johns Hopkins.

No início de maio, o epidemiologista Neil Ferguson, responsável pela estratégia britânica de combate ao coronavírus pediu demissão após a revelação de que ele desrespeitou as regras do isolamento e recebeu a visita da namorada em sua casa.