Cidadã britânica protesta com cartaz escrito “Mentiroso” em frente ao Parlamento, onde ex-premiê prestou depoimento| Foto: EFE/EPA/ANDY RAIN
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O ex-primeiro-ministro do Reino Unido Boris Johnson afirmou nesta quarta-feira (22) à comissão parlamentar que investiga o Partygate, o escândalo das festas na residência oficial de Downing Street durante a pandemia, que não mentiu ao Parlamento quando disse na época que tinha sido seguido as medidas anti-Covid em vigor.

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“Não menti para o Parlamento”, declarou Johnson sem rodeios no início de seu depoimento perante o Comitê de Privilégios da Câmara dos Comuns, que busca esclarecer se o político conservador enganou deliberadamente a Câmara sobre as festas ocorridas em seu gabinete durante a pandemia.

Depois de jurar sobre a Bíblia, o ex-líder do Partido Conservador reiterou que assumia “toda a responsabilidade” pelo ocorrido e que tudo o que disse à Câmara na época foi de “boa fé”.

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Em seu depoimento, Johnson afirmou estar ciente que o objetivo do comitê é “descobrir se menti ou não ao Parlamento, se deliberadamente enganei meus colegas e o país sobre o que sabia e acreditava sobre aquelas reuniões quando disse que haviam sido seguidas as regras e as diretrizes no número 10 [de Downing Street, residência oficial dos premiês britânicos]”.

“Estou aqui para dizer com franqueza que não menti (...). Quando essas declarações foram feitas, elas foram feitas de boa fé e com base no que eu sabia e acreditava honestamente na época”, acrescentou.

Além disso, acusou a comissão que o investiga de não ter tornado públicas as provas que, a seu ver, o exonerariam das acusações, o que considerou “manifestamente injusto”.

Na ofensiva desde o início de seu depoimento, Johnson considerou que se tivesse sido “óbvio” para ele que as regras de distanciamento social foram violadas naquelas reuniões - como julgou o comitê em suas conclusões preliminares -, também teria sido para os demais presentes nelas, “incluindo o atual primeiro-ministro”, Rishi Sunak, que à época era chanceler do Tesouro.

A presidente da comissão, a trabalhista Harriet Harman, disse no início da sessão que seu objetivo é decidir se Johnson enganou ou não a Câmara dos Comuns, se cometeu desacato e se foi intencional ou imprudente.

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Harman destacou que enganar a Câmara pode parecer um problema técnico, mas é um assunto de grande importância.

Johnson deixou o poder em 6 de setembro do ano passado em decorrência desse escândalo, após ser multado pela polícia e depois que a funcionária pública Sue Gray divulgou seu relatório independente sobre o Partygate, no qual criticava as festas e o consumo excessivo de álcool na residência oficial.

O depoimento do ex-chefe do Executivo do Reino Unido é relevante porque o seu futuro político pode depender das conclusões dos deputados da comissão.

Caso constatem que Johnson mentiu conscientemente, os deputados do comitê podem recomendar que ele seja suspenso da Câmara dos Comuns, da qual faz parte como parlamentar pelo distrito eleitoral de Uxbridge (noroeste de Londres).

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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