Durante quase uma semana Djemail Hasanovic fez greve de fome em uma estrada no leste da Bósnia, para chamar a atenção sobre seu filho desaparecido durante a guerra que assolou o país entre 1992 e 1995. "Não me movimentarei daqui sem os ossos do meu filho. Ou terão que me atirar em um caixão", disse Hasanovic, sentado em uma cama em um acostamento próximo ao lugar no qual acredita que assassinaram seu filho há mais de 20 anos.
A frustração por anos de busca infrutífera, que vai minando as esperanças, não é algo que afete apenas esse pai, mas também às famílias dos estimados 8 mil desaparecidos dos quais não se tem rastro no país balcânico.
Na semana passada Hasanovic abandonou a greve de fome ao receber uma nova pista sobre o paradeiro dos restos de seu filho. Os investigadores do Instituto de Desaparecidos da Bósnia encontraram restos mortais de uma pessoa e esperam a autorização da procuradoria para iniciar a exumação.
Quase duas décadas depois da guerra que enfrentou muçulmanos, sérvios e croatas, 24 mil pessoas desaparecidas foram achadas e seus cadáveres exumados, muitos em valas comuns, e grande parte foi identificada. Mas a maioria dos familiares que segue buscando os desaparecidos assumiu que não os encontrarão com vida. Só querem encontrar os restos para dar-lhes um funeral apropriado e virar a página assim de uma experiência tão dolorosa como longa.