Empregados da BP fazem limpeza de manchas de óleo no Porto Fourchon, em Louisiana| Foto: Stephane Jourdain / AFP Photo

O diretor de operações da British Petroleum PLC, Doug Suttles, reconheceu nesta segunda-feira que muitas pessoas estão descontentes com o fracasso da BP em suas tentativas para interromper um vazamento de óleo, mais de um mês após o início do desastre ambiental. O problema começa a causar danos em mangues da Louisiana, afetando inclusive colônias de pelicanos.

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Suttles foi aos principais programas de televisão dos EUA com a mesma mensagem: a BP sabe que o descontentamento está crescendo e não conseguiu interromper o vazamento de milhões de litros de petróleo de um poço, desde a explosão de uma plataforma em 20 de abril, na costa da Louisiana.

"Fazemos todo o possível, tudo o que sabemos", afirmou Suttles na rede NBC.

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O governo do presidente Barack Obama questionou a competência da BP, no domingo, quando o secretário de Interior, Ken Salazar, disse a repórteres que não estava "completamente" seguro de que a BP saiba o que está fazendo. "Se descobrimos que não estão fazendo o que se supõe que deveriam fazer, nós os pressionaremos para que consigam se sair adequadamente", afirmou Salazar.

Como secretário do Interior, Salazar comanda o escritório que supervisiona os recursos naturais do país, inclusive parques nacionais e perfurações submarinas.

Questionado sobre as críticas de Salazar, Suttles disse que a BP trabalha com especialistas de outras companhias petrolíferas e o governo para encontrar uma solução. "O que sei é que todos estão incomodados. Creio que o povo da região se sente frustrado, também nós e o governo", disse Suttles na NBC. "O fato de que está demorando tanto tempo é doloroso para todos."

O escritório norte-americano que supervisiona a resposta ao vazamento disse nesta segunda-feira que não haveria ganhos ao colocar a BP de lado e colocar o governo no comando das operações.

"Tirar a BP do caminho elevaria a questão: substitui-los com o quê?", disse o comandante da Guarda Costeira Thad Allen a jornalistas durante coletiva na Casa Branca.

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Em meio à crescente frustração sobre a incapacidade da BP em estancar o vazamento e perguntas sobre por que o governo não consegue fazer a empresa fazer mais, Allen

Afirmou que a BP estava "usando todos os meios técnicos possíveis para lidar com o vazamento".

Mas a empresa britânica continua a usar um dispersante tóxico para conter o vazamento de petróleo, mesmo depois de terminado o prazo para seu uso. A Agência de Proteção Ambiental (EPA) disse à BP, na semana passada, para encontrar um dispersante alternativo ao chamado Corexit 9500, que foi identificado como um produto de risco "moderado" à saúde humana. O produto pode causar irritação nos olhos, pele e respiratória após exposição prolongada.

O Corexit estava numa lista de dispersantes pré aprovados disponível para a BP, mas autoridades federais disseram que muitas coisas sobre o dispersantes ainda são desconhecidas.

A EPA disse à BP que usasse um dispersante menos tóxico a partir da noite de domingo, mas a empresa disse ao governo, no final de semana, que não há alternativa melhor disponível.

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A BP planeja iniciar na próxima quarta-feira um processo conhecido como "top kill", que envolve a injeção pesada de fluidos no poço de perfuração que está vazando no Golfo do México, seguida pela colocação de cimento para fechá-lo. A informação foi dada pela porta-voz da companhia, John Curry. A empresa tinha dito anteriormente que era provável que o procedimento começasse no início desta semana. Mas o presidente-executivo da BP, Tony Hayward, advertiu funcionários em um e-mail, na última sexta-feira, que o processo poderia falhar.

O custo da resposta da companhia ao acidente totalizou cerca de US$ 760 milhões até agora, incluindo o custo de combate ao vazamento, de contenção, perfuração de poços de alívio, as subvenções para os Estados do Golfo, ressarcimentos e os custos federais. Segundo a empresa, ainda é muito cedo para quantificar outros custos potenciais e passivos associados ao incidente.

A BP disse que os trabalhos na plataforma que explodiu no Golfo do México continuam a privilegiar o progresso das opções para interromper o fluxo de petróleo do poço por meio de intervenções, através do equipamento de segurança usado para controlar as pressões no interior do poço durante a operação de perfuração (blow out preventer - BOP) e para coletar o fluxo de petróleo a partir dos pontos de vazamento.

A BP confirmou também seu empenho em cooperar com o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (DHS, na sigla em inglês) e a Agência de Proteção Ambiental (EPA) para facilitar o acesso do governo norte-americano e do público à amostragem/monitorização de dados sobre a resposta da companhia ao vazamento da plataforma Deepwater Horizon.

A quantidade de óleo que a BP está extraindo do poço danificado diminuiu para 1.120 barris por dia, afirmou o porta-voz. Esse foi o terceiro dia consecutivo que a companhia coletou menos óleo do poço, que está localizado a um quilômetro abaixo da superfície da água. John Curry disse que a taxa diminuiu no domingo porque a empresa tinha realizado um "fino ajuste operacional".

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A companhia afirmou, no domingo, que estava recolhendo o equivalente a 1.360 barris de óleo para um navio na superfície, uma queda em relação aos 2.200 capturados na sexta-feira e no sábado. O valor atualizado é também muito menor do que os 5.000 barris de petróleo por dia, que a gigante petrolífera disse que estava coletando na quinta-feira.

O vazamento se seguiu à explosão e ao afundamento da plataforma da Transocean, que estava perfurando o poço para a BP. O equipamento pegou fogo e afundou no mês passado, matando 11 pessoas.

A BP afirmou que destinou até US$ 500 milhões para a abertura de um programa de investigação para estudar o impacto do incidente na plataforma, no ambiente marinho e no litoral do Golfo do México.

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