O braço político do ETA, Ekin, anunciou neste sábado (01) a sua dissolução, no momento em que a Espanha discute o fim da organização terrorista, que em janeiro passado declarou cessar-fogo permanente.
O anúncio foi feito pelo jornal basco Gara, que afirmou que o Ekin terminou como consequência da mudança radical de estratégia adotada pelo grupo independentista.
Num comunicado, o ETA afirmou sua intenção de colaborar com um grupo internacional, liderado pelo advogado sul-africano Brian Currin, formado na semana passada para fiscalizar o cessar-fogo da organização. O trabalho do grupo não conta com o respaldo do governo da Espanha nem do País Basco.
O fim do Ekin acontece a sete semanas das eleições gerais espanholas, dia 20 de novembro. O ministro do Interior, Antonio Camacho, assegurou que o "ETA começou a assumir que nunca mais poderá voltar a condicionar a vida no país a sua barbárie". Para o dirigente, a derrota do grupo está mais perto do que nunca. O porta-voz do governo, José Blanco, deu declarações parecidas:
"Este é mais um passo rumo à extinção do ETA, embora ainda não seja o último", afirmou Blanco.
Já o Partido Popular (PP), principal da oposição e favorito nas pesquisas para ganhar o próximo pleito, mantém uma posição mais receosa e diz que só quando o próprio ETA anunciar seu fim é que a sociedade espanhola poderá respirar aliviada.
O Ekin é considerado herdeiro do KAS, organização que declarou seu fim para evitar problemas legais, já que foi considerada ilegal em novembro de 1998, após investigações realizadas pela justiça espanhola.
Em cinco anos de atividade, o ETA foi responsável pela morte de quase 900 pessoas. Em 10 de janeiro passado, o grupo anunciou um cessar-fogo "permanente, geral e verificável", o que foi ratificado em novo comunicado, publicado dia 12 de julho no jornal Gara.
Fontes da luta contra o terror, no entanto, disseram neste sábado que o anuncio do fim do Ekin pode ser uma estratégia para a organização de uma nova estrutura política.
Já o presidente do governo regional basco, Patxi López, afirmou que o anúncio do fim do Ekin é uma boa notícia para a democracia mas é importante que esse processo continue.
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