20 processos tramitam na Justiça boliviana contra o senador Roger Pinto. Ele é acusado de corrupção e ligação com o narcotráfico, entre outros crimes.
O senador opositor boliviano Roger Pinto completou ontem um ano asilado na embaixada do Brasil em La Paz sem um salvo-conduto do governo da Bolívia para sair do país.
O senador alega que é vítima de uma "perseguição política" por acusar de corrupção e conivência com o narcotráfico o governo Evo de Morales, que rejeita tal denúncia.
O senador temia ser detido porque enfrentava mais de 20 processos impulsionados pelo governo em diferentes cidades bolivianas.
O governo de Evo Morales, por sua vez, negou a permissão de saída ao senador alegando que está envolvido em supostos atos de corrupção.
"Passamos este ano com bastante tristeza porque a família está separada, uns estão no Brasil, outros estamos aqui, então é uma situação bastante difícil, mas também estamos esperançosos pelo recurso que foi apresentado no Brasil", disse a filha do político, Denise Pinto.
Denise se referiu ao pedido que Roger Pinto fez ao Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil para que obrigue o Governo Federal a buscar uma solução para seu problema, seja um acordo com a Bolívia ou a facilitação de meios para sua saída do país.
A filha do senador explicou que os primeiros meses de clausura foram os mais difíceis para seu pai, que experimentou algumas "mudanças de humor", mas que agora se encontra "tranquilo".
A respeito do pedido ao STF, indicou que o ponto principal do documento é que se restituam os direitos do senador boliviano, para o que propõem algumas alternativas.
Uma delas é que o Brasil outorgue a Roger Pinto um veículo diplomático para que "possa abandonar o país, levando em conta que os carros da diplomacia também gozam da mesma proteção que a embaixada".
Salvo-conduto
O ministro das Relações Exteriores boliviano, David Choquehuanca, voltou a rejeitar por sua parte o salvo-conduto reivindicado por Pinto.
"Nós não podemos obstruir as investigações que o órgão judicial está levando adiante (...) e a Bolívia manifestou que não é possível dar salvo-conduto porque as normas não nos permitem", declarou Choquehuanca.
O deputado opositor Osney Martínez, da conservadora Convergência Nacional, a mesma do senador, comentou que, na prática, a embaixada do Brasil se transformou em "uma prisão".