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Com pé atrás, o Brasil ainda aguarda a aplicação do acordo firmado entre o presidente eleito de Honduras, Porfírio Pepe Lobo, e o presidente da República Dominicana, Leonel Fernández, para se posicionar diante do futuro governo do país. O acordo prevê a concessão de salvo-conduto para o presidente Manuel Zelaya - derrubado por um golpe de Estado em 28 de junho e abrigado na embaixada brasileira desde 21 de setembro - embarcar para Santo Domingo, onde receberia o status de "hóspede especial".

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ignorou o convite de Lobo e não enviará representante para sua posse, na quarta-feira, em Tegucigalpa. Tampouco reconhecerá de imediato o novo governo hondurenho como legítimo. A cautela tem como causa os desrespeitos aos acordos celebrados para solucionar a crise hondurenha, nos seus sete meses de duração. Ao contrário de outros países, como a República Dominicana, que já antecipou sua decisão de reconhecer o governo de Lobo, o Palácio do Planalto prefere ver para crer.

Do ponto de vista do governo Lula, a ruptura institucional não foi contornada nem pela eleição presidencial de novembro e nem pela assinatura do último acordo. Além da permissão de embarque de Zelaya ao exterior, esse acerto fechado entre Lobo e Fernández prevê a formação de um governo de união nacional. Isso significaria a inclusão de vários partidos no gabinete presidencial - entre os quais o Liberal, de Micheletti, o Nacional, de Lobo, e os de esquerda -, como meio de evitar represálias aos membros do governo de facto e aos seguidores de Zelaya.

Para o Itamaraty, o recolhimento do presidente de facto de Honduras, Roberto Micheletti, a sua casa, desde o dia 21 até quarta-feira, não passa de um "jogo de cena". Micheletti não renunciou e continuará no comando do governo de facto até a posse de Lobo. Em conversa na sexta-feira com o novo presidente dominicano, em Santo Domingo, o chanceler Celso Amorim considerou relevante o acordo, por satisfazer o próprio Zelaya, que já antecipou que deixará a embaixada brasileira na quarta-feira. Mas o ministro brasileiro esquivou-se de adiantar qualquer decisão do Brasil na conversa com Fernández.

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