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Moradores de Trípoli comemoram a tomada do quartel-general de Kadafi | Esam Al-Fetori/Reuters
Moradores de Trípoli comemoram a tomada do quartel-general de Kadafi| Foto: Esam Al-Fetori/Reuters

Os insurgentes

Oposicionistas formam grupo heterogêneo

O grupo de líbios que o mundo se habituou a chamar pelo termo vago de "rebeldes" está mais para um aglomerado heterogêneo com origens e intenções diversas.

Nas ruas e nos gabinetes, a luta contra o regime de Muamar Kadafi pôs lado a lado gente de perfis tão diversos que o maior desafio com o fim do regime será definir uma visão comum de futuro.

Ao menos no início, a legitimidade internacional está garantida para o novo governo, incluindo vizinhos. A Liga Árabe reconheceu ontem o governo rebelde, e 35 países já haviam feito o mesmo. Entre eles EUA, França, Alemanha, Tunísia e outros cinco árabes.

O grosso dos rebeldes é formado pelos chamados "shabab" (jovens, em árabe), civis de origens variadas.

Na linha de frente há médicos, sapateiros, empresários, desempregados, gente humilde e bem de vida. A maioria, com pouca ou nenhuma experiência militar.

Há também combatentes de clara orientação islâmica, com e sem barba, alguns ligados à Al-Qaeda. Mas o espírito predominante é de fundo nacionalista, não religioso.

O certo é que os grupos islâmicos terão muito mais espaço do que antes, quando eram duramente reprimidos. Não há indicação, porém, que eles serão predominantes.

Brasília - O governo brasileiro aguarda garantias de que o Conselho Na­­cional de Transição (CNT) da Líbia será capaz de fazer um governo de união nacional e uma transição democrática para reconhecer as forças insurgentes como novo governo do país. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Pa­­triota, avalia que a mudança de governo deve acontecer ainda esta semana, já que os rebeldes já tomaram a capital, Trípoli, mas afirma que "ainda há um longo caminho a percorrer".

"É preciso um governo de união nacional, com controle sobre o território e que represente uma transição para uma situação mais democrática. A Líbia é um país frágil em termos de instituições, não tem uma constituição propriamente dita e tem um longo percurso a percorrer em termos de progresso institucional e democratização", disse on­­tem o ministro.

"Uma preocupação é uma es­­tabilização pós-mu­­dança de go­­verno para que cesse a violência e para que a Líbia possa se dedicar à reconciliação na­­cional e a um cronograma de tran­­sição política que leve a um país mais democrático."

O Brasil aguarda, ainda, o po­­sicionamento da Liga Árabe e da União Africana, que terão reuniões essa semana sobre a situação líbia, para analisar um possível reconhecimento de um go­­ver­­no do CNT. A tendência brasileira é seguir o indicativo dos países árabes e africanos, mais diretamente ligados à Líbia e com mais contato com a realidade local.

Patriota admite que a decisão dos dois grupos tem peso, mas ainda assim afirma que não há motivos para o governo brasileiro acelerar o processo de reconhecimento.

Confirmada a to­­mada de po­­der pelos rebeldes, a formação de um novo governo líbio será analisada pelo Comitê de Credenciais das Nações Unidas no fim de se­­tembro, durante a Assembleia Ge­­­­ral em Nova York.

"O Brasil reconhece Estados, não reconhece governos. Não se trata de adotar alguma manifestação a respeito deste ou daquele governo neste momento. A situação se apresentará às Nações Unidas por ocasião da próxima Assembleia Geral", afirmou.

Patriota confirmou, ainda, que o Brasil tem mantido contatos com líderes rebeldes por in­­termédio do embaixador do Bra­­sil no Egito, Cesário Melantonio Neto.

Segundo o ministro, o Bra­­sil recebeu a garantia dos rebeldes que os contratos firmados com empresas brasileiras serão honrados, como Queiroz Galvão, Odebrecht e Petrobras.

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