O Brasil manifestou pleno apoio à institucionalidade democrática do Paraguai e também ao presidente Fernando Lugo, que denunciou um suposto plano golspista contra seu governo. Um comunicado do Itamaraty afirma nesta terça-feira (2), que o governo brasileiro "tomou conhecimento, com preocupação" das denúncias feitas na segunda-feira por Lugo, ex-bispo católico que assumiu a Presidência do Paraguai no dia 15 de agosto.

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Lugo agitou o cenário político local na segunda-feira, quando acusou Nicanor Duarte, ex-presidente paraguaio, e o general aposentado Lino Oviedo de pretenderem utilizar as Forças Armadas para atentar contra a institucionalidade, num ato que qualificou como de extrema gravidade, menos de três semanas após ter assumido o poder. O presidente afirmou que um general de alto escalão foi convocado para uma reunião na qual participaram Duarte, Oviedo, o presidente do Congresso, o procurador-geral do Estado e um juiz do Supremo Tribunal Eleitoral, entre outros.

De acordo com Lugo, o militar, elo entre o Congresso e as Forçar Armadas, foi consultado secretamente por Oviedo acerca da posição dos militares sobre o conflito que mantém paralisado o Senado e que se desencadeou depois de questionado o juramento de Duarte como senador ativo.

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A maioria dos mencionados pelo presidente como integrantes do golpe negaram sua participação, tanto que Oviedo - ex-chefe do Exército e acusado de golpista - disse que se encontrou com Duarte em sua residência para discutir acordos políticos parlamentares.

"O governo brasileiro confia em que a inconstitucionalidade democrática será plenamente mantida no país e reafirma seu apoio ao presidente Lugo, legitimamente eleito pelo povo paraguaio", acrescentou a nota da diplomacia brasileira.

O ex-chefe de Estado Nicanor Duarte, apontado como um dos mentores do complô, afirmou que Lugo foi enganado por pessoas próximas para denunciar uma suposta conspiração cujo objetivo era derrubá-lo. "Há grupos cercando o presidente Lugo que, no velho estilo das ditaduras latino-americanas, inventam uma história de conspiração para preparar o caminho para repressão e o aniquilamento do adversário", afirmou Duarte à rádio Primero de Marzo, em sua primeira declaração pública depois da acusação de Lugo.

"Do medo do presidente se aproveitam grupos que tratam de controlar o sistema de segurança ou grupos políticos que não têm outra forma de se afirmar senão inventando coisas, imaginando golpes ou sabotagens. Creio que mentiram para o presidente Lugo", acrescentou.

A maioria dos mencionados pelo presidente como integrantes do golpe negaram sua participação, tanto que Oviedo - ex-chefe do Exército e acusado de golpista - disse que se encontrou com Duarte em sua residência para discutir acordos políticos parlamentares.

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Crise no Legislativo

Na semana passada, Duarte foi empossado no Senado e sua posse foi imediatamente questionada por políticos governistas. Lugo, então, declarou que ele deveria "ir para casa" e aceitar a condição de "senador vitalício". Segundo a lei constitucional paraguaia, após deixarem o cargo os ex-presidentes automaticamente tornam-se senadores vitalícios, mas Duarte quer tomar posse e participar ativamente da Câmara Alta.

A situação, que paralisou o Senado, gerou o primeiro mal estar político para Lugo. Ex-bispo católico, o presidente paraguaio foi eleito por uma coalizão chamada Aliança Patriótica para Mudança (APC, na sigla em espanhol), que reúne desde o tradicional Partido Liberal (PLRA, de centro-direita) a pequenos movimentos sociais de esquerda.

A aliança obteve uma vitória histórica, derrotando, pela primeira vez em 61 anos, o Partido Colorado. Mas para ter maioria de votos no Congresso Lugo precisará, segundo analistas, dos votos de setores do Partido Colorado.

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