O ministro brasileiro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, 58, disse nesta quinta-feira (17) que o Brasil apoia plenamente a soberania argentina sobre as Ilhas Malvinas.

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"Apoiamos plenamente a soberania da Argentina nas Malvinas, e defendemos que seja seguido o que é previsto pela ONU no que diz respeito à descolonização. As Malvinas se enquadram nesse caso", afirmou ele, durante sabatina realizada nesta quinta-feira pela Folha de S.Paulo em parceria com o UOL, na cidade de São Paulo.

"Defendemos que haja um diálogo, o que não tem ocorrido. Aliás, não só o Brasil apoia, como posso dizer que toda a América Latina e o Caribe", acrescentou.

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O governo argentino, por meio da presidente Cristina Kirchner, voltou recentemente a reivindicar o território das ilhas aos britânicos, que já motivou uma guerra entre esse país e o Reino Unido há 30 anos.

Israel

Para o chanceler, o conflito entre Israel e palestinos não é abordado da forma como deveria pelo Conselho de Segurança da ONU, o que talvez seja o principal problema para a paz internacional.

"Esperou-se que esse problema ficasse a cargo do Quarteto [Estados Unidos, União Europeia, Rússia e Nações Unidas], mas não tem dado resultado. Mas não queremos só criticar o Quarteto, mas dar exemplos bem-sucedidos", afirmou.

Haiti

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Sobre o Haiti, Patriota disse que vê progressos desde o terremoto que atingiu o país em 2010.

Questionado se outros países estão cooperando com o país, como o Brasil que enviou recursos e tropas, Patriota disse que os esforços da comunidade internacional, como dos Estados Unidos, poderiam ter sido maiores.

"A contrapartida [dos EUA] poderia ter sido maior que a que houve, mas não quero minimizar os esforços internacionais. Quando ocorreu o terremoto em 2010, a situação era caótica, minha mulher estava lá, fui ver a situação e, graças a Deus, toda a equipe da ONU sobreviveu", contou ele.

"Mas, de modo geral, a população reagiu com tranquilidade, houve distúrbios, mas poucos, e isso é consequência do trabalho da ONU, da missão liderada pelo Brasil", disse o chanceler.

"As demandas aumentaram muito desde lá mas vou ao Haiti com frequência e vejo progresso. O número de desalojados diminuiu muito, mas queremos investir para levar a progresso econômico palpável", afirmou.

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Ele citou como exemplo a campanha brasileira para construir uma hidrelétrica no Haiti. "Tenho conversado com parceiros, inclusive com os EUA e o Canadá, que tem interesse em colaborar no Haiti. Estive lá com a presidente Dilma em fevereiro e voltamos otimistas. Esperamos progresso que permita a saída gradual das tropas da ONU", disse. Cuba

O ministro comentou ainda a questão dos direitos humanos em Cuba. "Qualquer problema de direitos humanos, em qualquer país, é emergencial, mas é sempre importante mostrarmos equilíbrio, sem nos deixar levar pela politização", disse ele.

"Estive em Cuba recentemente, e vi um país que procura um caminho de flexibilização. Foi reintroduzida, por exemplo, a liberdade de culto. Quando observamos essa disposição, precisamos trabalhar a favor disso, e não de forma contrária, que possa prejudicar", afirmou.

Crise europeia

Patriota disse que a crise europeia preocupa o governo brasileiro, porque ameaça o desenvolvimento dos países emergentes, e que as medidas já tomadas "esbarram na realidade política". "A crise [europeia] nos preocupa porque tem impacto mundial e diminui as perspectivas de crescimento até para nações em desenvolvimento", disse ele.

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"A crise é profunda e séria, mas transitória", afirmou ainda. Para o chanceler brasileiro, a eleição do socialista François Hollande para a Presidência da França pode modificar "a dinâmica" da busca de soluções para o imbróglio europeu.

Hollande foi eleito prometendo reformar o atual pacto dos países do bloco europeu para controlar os rombos das contas públicas. Ele criticou a ênfase nas medidas de austeridade e pediu mais estímulos ao crescimento econômico. Hoje, o novo ministro das Finanças francês, Pierre Moscovici, ameaçou que o país não vai ratificar o pacto fiscal europeu se este não incluir medidas de estímulo ao crescimento.

Patriota mencionou ainda o caso da Grécia, mergulhada numa dupla crise -política e econômica: sem governo e em seu quinto ano de recessão. "A Grécia não tem opções muito boas. Todas são um pouco problemáticas", admitiu.