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O Itamaraty convocou hoje o embaixador de Israel em Brasília, Rafael Eldad, para protestar contra a decisão israelense de ampliar assentamentos em territórios palestinos ocupados.

Diplomatas israelenses disseram que o tom do encontro no Itamaraty foi "amigável". De acordo com eles, a conversa foi conduzida pelo subsecretário-geral para África e Oriente Médio do Itamaraty, Paulo Cordeiro, que manifestou a "preocupação" do governo brasileiro com a ampliação dos assentamentos, mas não ameaçou aplicar sanções, como fizeram os países europeus.

O Brasil seguiu o exemplo de cinco países europeus - Reino Unido, França, Espanha, Suécia e Dinamarca -, que ontem haviam chamado os embaixadores israelenses em suas capitais para ouvir suas explicações sobre o anúncio do governo de Israel de construir 3.000 unidades habitacionais na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental. Fazem parte da reação europeia os governos russo e alemão, que expressaram descontentamento.Hoje, além do Brasil, também a Austrália transmitiu seu protesto.

Essas construções foram anunciadas um dia depois da votação na ONU que deu à Palestina o status de Estado observador não membro, num claro gesto de retaliação. Crítico da medida, Israel foi um dos nove países que votaram contra. Outros 138 países disseram sim, incluindo o Brasil, e 41 se abstiveram.

Além de votar a favor do novo status da Palestina na ONU, o Brasil fez lobby junto a outros países para que fizessem o mesmo, causando irritação na diplomacia israelense.

Boa parte da comunidade internacional considera ilegal a presença israelense em território palestino. Há também argumento de que as construções acabarão por inviabilizar a solução de dois Estados, ou seja, a convivência, ao lado de Israel, de um Estado palestino com capital em Jerusalém Oriental.

Em especial, preocupa a situação de um assentamento, chamado de E1, que, se concretizado, dividirá a Cisjordânia em duas.

De acordo com o jornal israelense "Haaretz", no caso do Reino Unido e da França, a construção do E1 é considerada uma "linha vermelha". As duas nações estariam irritadas porque veem as medidas como uma demonstração de ingratidão por parte de Israel em relação ao apoio dado durante sua mais recente ofensiva contra as milícias palestinas na faixa de Gaza, que matou mais de 160 palestinos.

O anúncio das construções não foi a única represália anunciada por Israel. O governo de Binyamin Netanyahu também decidiu não repassar US$ 100 milhões (R$ 213 milhões) arrecadados em impostos, em nome da ANP (Autoridade Nacional Palestina), de Mahmoud Abbas, neste mês de novembro. O montante representa até 50% do exíguo orçamento palestino.

Resposta

Em comunicado, ainda ontem, o gabinete de Netanyahu havia afirmado que não pretende recuar da decisão. "Israel continuará defendendo os seus interesses vitais, mesmo diante da pressão internacional, e não haverá nenhuma mudança na decisão que foi tomada."

Para o governo israelense, é a liderança palestina que mina as negociações de paz ao forçar reconhecimento por meio de uma resolução da ONU. O reconhecimento do Estado palestino, afirmam os israelenses, é possível apenas dentro do âmbito do diálogo, com a concessão de garantias de segurança a Israel.

Mais cedo, o vice-porta-voz do Ministério das Relações Exteriores israelense, Paul Hisrschon, já havia minimizado a reação europeia. "Temos muito boas relações com esses países. Criticaram a nossa decisão, isso é público, e nós também não estamos particularmente contentes com o voto na ONU", disse.

Para ele, convocar um embaixador para transmitir um protesto está dentro do normal.

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