Brasil, Chile e Argentina são os únicos países na América Latina que produzem bombas de fragmentação, arma fatal utilizada indiscriminadamente por Israel no Líbano no ano passado, denunciou uma organização internacional que tenta erradicar estas armas do mundo.
Esses três países "são produtores e têm essas armas", declarou o coordenador da ONG Coalizão contra as Munições de Fragmentação (CMC, sigla em inglês), Thomas Nash, que realizará em Lima um fórum do qual participarão delegados de 100 países para tratar da proibição desses artefatos.
A reunião, que será de 23 a 25 de maio, é de caráter intergovernamental e contará com a presença da Prêmio Nobel da Paz 1997, a americana Jody Williams, reconhecida por sua luta em favor da proibição das minas antipessoais.
Nash comentou que Chile, Brasil e Argentina produziram as bombas de fragmentação, mas como até o momento não houve desmentidos às informações de que a CMC dispõe, ele acredita que continuem com sua fabricação.
Em meio a estas denúncias, vale lembrar que os governos de Santiago e Buenos Aires assinaram a Declaração de Oslo (Noruega), de fevereiro deste ano, na qual 47 países se pronunciam em favor de elaborar para 2008 um instrumento internacional vinculatório que proíba a produção, uso, transferência e armazenamento das bombas de fragmentação.
O especialista ressaltou que o governo do Peru, que patrocina a realização deste encontro, faz um trabalho preventivo para a não-proliferação destas armas e que a proposta de Lima é erradicá-las da América Latina.
"Se essas bombas forem utilizadas nessa região, será muito grave, porque provocará grandes danos às populações civis", advertiu Nash, apontando que, no que diz respeito à Colômbia, uma zona de conflito pela ação das guerrilhas, felizmente não se tem conhecimento de sua utilização por nenhum dos grupos.
O fórum tem como objetivo conseguir mais adesões à Declaração de Oslo e criar consciência no mundo sobre o perigo desses artefatos, que são produzidos basicamente pelos Estados Unidos, Israel, Rússia, França, Itália, Espanha, China, entre outros.
Em conseqüência do uso das bombas de fragmentação, pelo menos 400 milhões de pessoas vivem em zonas contaminadas por tais armas, sobretudo no Oriente Médio, onde Israel as usa, na antiga Iugoslávia e em países do Sudeste Asiático. Lá, elas foram utilizadas em massa pelos EUA nos anos 70.