Em pronunciamento hoje em Paraty (RJ), onde acompanha a Flip (evento literário), o chanceler Antonio Patriota disse que o governo "recebeu com grave preocupação a notícia de que comunicações de cidadãos brasileiros estariam sendo objeto de espionagem" pelos EUA.

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Segundo ele, o ministério pediu esclarecimentos ao embaixador dos EUA no Brasil, Thomas Shannon, e acionou a embaixada brasileira em Washington para indagar o governo americano.

O pedido foi uma ordem da presidente Dilma Rousseff, que se reuniu com os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Paulo Bernardo (Comunicações) para discutir medidas para evitar a devassa de informações. "A presidente ficou muito preocupada. Eu diria até indignada", disse Paulo Bernardo.

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As afirmações reagem a notícia divulgada pelo jornal "O Globo", segundo o qual o Brasil é alvo prioritário da espionagem da NSA (Agência de Segurança Nacional), órgão do governo dos EUA.

Embora não haja dados precisos sobre a dimensão do monitoramento, um mapa reproduzido pelo jornal informa que, em janeiro, o Brasil ficou pouco atrás dos próprios EUA no número de mensagens espionadas.

Lá, 2,3 bilhões de mensagens teriam sido espionadas. A denúncia é fruto de mais um vazamento de Edward Snowden, o ex-agente que há um mês revelou o programa americano de espionagem. Ele aguarda em um aeroporto de Moscou o desenlace de pedidos de asilo.

O governo também promete propor na ONU o "aperfeiçoamento da segurança cibernética" entre países.

Segundo Patriota, o Brasil promoverá "no âmbito da União Internacional de Telecomunicações, em Genebra, o aperfeiçoamento de regras multilaterais sobre segurança das telecomunicações".

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A ideia, ele diz, é estabelecer "normas claras de comportamento dos Estados na área da informação e telecomunicações" para proteger "direitos dos cidadãos e a soberania de todos os países". Para Bernardo, "sem regras, a internet se configura num instrumento de espionagem".

Segundo o ministro das Comunicações, a Polícia Federal investigará eventuais contratos de empresas de telecomunicações que incluam transferência de informações daqui para os EUA.

A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) também vai questionar as empresas de telecomunicações sobre possível troca de informações.

Bernardo diz, no entanto, duvidar da existência desses contratos. Ele aposta na captura de dados via cabos submarinos.