O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, criticou ontem as potências nucleares, que, segundo ele, não tiveram sucesso em tentar um acordo com o Irã porque "falam do alto de sua arrogância".
O chanceler afirmou, no entanto, que o Brasil vai cumprir eventuais sanções impostas pela ONU ao Irã por causa de seu programa nuclear. "O Irã é um grande país e com o qual queremos ter relações comerciais. É natural que, dentro dos interesses de manter um relacionamento com eles, o Brasil queira buscar uma solução para o impasse. O Brasil não seria beneficiado pelas sanções, já que vai respeitá-las", disse.
Amorim afirmou que o governo brasileiro sempre ressaltou aos iranianos que, "se houver sanções, vai cumpri-las".
Em audiência pública no Senado, Amorim afirmou que diminui a credibilidade do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas o fato de cinco potências nucleares serem também os cinco membros permanentes do conselho com direito a veto.
Os cinco membros permanentes do CS são EUA, França, Reino Unido, Rússia e China.
"A gente não pode exagerar muito nisso porque senão fica sem nada. Mas esses países negociam entre si. Nós não sabemos nem o que se passa nessa negociação. Se há favores que estão sendo trocados. Se há outros aspectos alheios à questão nuclear que estão envolvidos."
Enriquecimento
Ainda ontem, o embaixador do Irã no Brasil, Mohsen Shaterzadeh, afirmou que seu país continua a aceitar a troca de urânio por combustível e irá cumprir o cronograma do acordo selado com Brasil e Turquia, e enviar o urânio para fora do país dentro de um mês. Ele confirmou que o Irã deverá continuar a enriquecer urânio, mas cumprindo as regras impostas pela ONU, e sem a intenção de construir armas nucleares.