O Governo defendeu nesta segunda-feira uma solução negociada na Bolívia para os protestos contra a construção de uma estrada que atravessará a Amazônia boliviana e confirmou sua disposição em colaborar financeiramente com o projeto por entender que atende todas exigências ambientais.
"O Governo brasileiro manifesta sua confiança em que o Governo boliviano e diferentes setores da sociedade boliviana continuarão a favorecer o diálogo e a negociação na busca de um entendimento sobre o trajeto da estrada", segundo comunicado divulgado nesta segunda-feira pelo Ministério das Relações Exteriores.
O ministério expressou na nota sua "preocupação" com "a notícia da ocorrência de distúrbios" no domingo pelos protestos contra a construção de um trecho da estrada.
Os distúrbios aconteceram no domingo, quando o Governo do presidente Evo Morales dispersou à força a passeata que realizavam cerca de 1,5 mil indígenas contra a estrada que dividirá em dois uma reserva natural na Amazônia.
A estrada, que segundo o Governo boliviano permitirá uma conexão entre o Pacífico e o Atlântico e beneficiará Brasil, Bolívia e Peru, será construída com um empréstimo oferecido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
A chancelaria brasileira disse confiar que ambas partes manterão o diálogo "tomando em conta a normativa interna boliviana e boas práticas internacionais relevantes, em benefício do desenvolvimento e da estabilidade da Bolívia".
A nota igualmente confirma "a disposição em cooperar com a obra entendendo que se trata de um projeto de grande importância para a integração nacional da Bolívia e que atende os parâmetros relativos ao impacto social e ambiental previstos na lei".
Apesar de o Governo boliviano ter negado nesta segunda-feira que haja mortos ou desaparecidos após a repressão policial à manifestação indígena, fontes próximas aos indígenas garantem que pelo menos um menor morreu e que há cerca de 40 desaparecidos, o que também foi confirmado pela Conferência Episcopal da Bolívia.
O fato motivou a renúncia da ministra da Defesa da Bolívia, Cecilia Chacón, que alegou não compartilhar da decisão do Governo de "intervir" na passeata.