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O Brasil busca a realização de uma nova conferência de paz para a questão palestina e pede que novos atores sejam incluídos no debate. "Uma nova conferência é importante e urgente", afirmou a embaixadora do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU), Maria Nazareth Farani Azevedo. A ONU pediu nesta quinta-feira que Israel e a Autoridade Palestina investiguem os crimes cometidos na região.

O Itamaraty avalia que o Quarteto - grupo formado por Rússia, EUA, União Europeia e a ONU - não é capaz de chegar a um entendimento e novos países, entre eles o Brasil, devem ser incorporados ao processo. Os palestinos já declararam que aceitam a entrada dos brasileiros na negociação.

No entanto, palestinos e países árabes resistiram nesta quinta-feira à proposta do Brasil para amenizar uma resolução que será votada na sexta-feira no Conselho de Direitos Humanos da ONU - o texto denuncia crimes de guerra cometidos por Israel em Gaza.

O debate põe o Brasil numa posição delicada: politicamente, precisa votar ao lado dos palestinos e fortalecer o grupo mais moderado do presidente Mahmoud Abbas. Mas o Itamaraty não aceita levar o caso ao Conselho de Segurança da ONU e ao Tribunal Penal Internacional, o que dificultaria o processo de paz.

A Agência Estado obteve informações de que o Brasil votará a favor da resolução, mas terá de explicar o voto e distanciar-se de alguns elementos do projeto. Maria Nazareth evitou declarar de que forma o País votaria, mas lembrou que o Brasil sempre votou com os palestinos.

O relatório sobre Gaza foi produzido pelo magistrado sul-africano Richard Goldstone, que concluiu que Israel usou a força de forma desproporcional e atacou deliberadamente civis. O juiz também acusa grupos militares palestinos, como o Hamas, de atacar a população civil e disseminar o terror com o lançamento de foguetes.

Pela resolução proposta, o relatório de Goldstone seria endossado e daria ao Conselho de Segurança seis meses para determinar se israelenses e palestinos de fato investigaram os crimes. Se isso não ocorrer, o caso seguirá para o TPI. O Brasil e alguns países europeus defendem que cada um dos atores no conflito faça sua própria investigação e relate, em seis meses, as conclusões para a ONU, sem o envolvimento do Conselho de Segurança.

A rejeição da resolução colocaria Abbas em risco. Ao mesmo tempo, uma vitória dos árabes faria com que Israel se retirasse das negociações de paz e complicaria a posição do premiê israelense, Binyamin Netanyahu, que está sendo pressionado pelos EUA para aceitar a solução de dois Estados.

A Autoridade Palestina se mostrou cética com a proposta do Brasil. Argélia, Egito e Paquistão afirmaram à AE que também veem problemas nela, mas o Itamaraty está otimista com a possibilidade de uma reviravolta. Na América Latina, só o México se absterá. Com o apoio dos países africanos e árabes a resolução seria aprovada.

Nesta quinta-feira, a Casa Branca deixou claro que votará contra. Washington classificou a resolução como "desequilibrada" e não lida com os crimes cometidos pelo Hamas. Os EUA afirmam que a operação em Gaza foi "legal".

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