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Heiligendamm, Alemanha – O presidente da França, Nicolas Sarkozy, declarou ontem que pretende obter o maior envolvimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no processo de libertação dos reféns mantidos pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Em sintonia com Sarkozy pelo menos neste tema – ambos discordaram frontalmente sobre a conclusão da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) –, Lula afirmou que está disposto a contribuir. Mas apenas nos assuntos que for chamado a ajudar pelo presidente da Colômbia, Álvaro Uribe.

Os presidentes Sarkozy e Lula trataram do tema em uma audiência paralela ao encontro do G8 – as sete nações mais industrializadas e a Rússia – com cinco economias emergentes e dez países africanos convidados.

"Esta coisa é muito delicada. Não dá para ficar tentando fazer interferência (voluntariamente). O presidente Sarkozy não só agradeceu, como ele está fazendo deste negócio um movimento muito forte", afirmou Lula.

"O Brasil é hoje um dos países que mais pode fazer pelo conflito e esperamos que passe a estar mais envolvido nas negociações", afirmou Sarkozy.

Lula relatou que Sarkozy está "imbuído" especialmente da tarefa de trabalhar em favor da libertação da política franco-colombiana Ingrid Betancourt, candidata às eleições presidenciais da Colômbia quando foi seqüestrada pelas Farc em 2003. Mas destacou que é necessário levar em consideração as "sensibilidades" da Colômbia nessa questão.

O presidente brasileiro relatou ter recebido um telefonema do francês no início desta semana para pedir sua intercessão junto a Uribe. Ao conversar com o colombiano, na última quarta-feira, Lula ouviu o relato sobre sua decisão unilateral de libertar cerca de 150 guerrilheiros presos.

Uribe também contara a Lula que, entre esses presos, estava Rodrigo Grana, conhecido como o "chanceler da Farc". A captura de Grana no final de 2005 pelas forças policiais colombianas em Caracas gerou uma séria crise diplomática entre a Colômbia e a Venezuela, em cuja solução o governo Lula servira como intermediário.

Sarkozy acredita que o presidente brasileiro poderá influenciar positivamente nas negociações entre o governo colombiano e os guerrilheiros. Em seu ponto de vista, uma alternativa militar não traria solução para esse impasse.

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