Apesar do crescimento econômico mais acelerado e da redução da pobreza nos últimos anos, o Brasil ainda é um dos países mais desiguais da América Latina, de acordo com o relatório do Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), divulgado ontem. O documento é intitulado "Estado das Cidades da América Latina e do Caribe 2012 Rumo a uma Nova Transição Urbana".
Guatemala, Honduras, Colômbia e Brasil possuíam, segundo dados de 2009, ano de referência do documento, um índice de Gini de distribuição de sua renda per capita acima de 0,56 junto com República Dominicana e Bolívia, nações que completavam o grupo das seis mais desiguais do subcontinente. Tal índice revela uma elevada concentração da renda.
Já a lista dos países como menor grau de desigualdade era composta por Costa Rica, Equador, El Salvador, Peru, Uruguai e Venezuela esse último com a melhor marca, registrando um índice de Gini de 0,41. O indicador, porém, supera o dos EUA e de Portugal (nação mais desigual da União Europeia), ambos com índice de 0,38.
O Brasil avançou, porém, se comparado a 1990, quando detinha o título de país com maior nível de iniquidade da América Latina.
Segundo o relatório, a região é mais desigual do mundo (leia mais nesta página), embora tenham ocorrido melhoras nos últimos anos na distribuição da riqueza na maior parte dos países.
Entre os motivos, diz, estão o crescimento do rendimento do trabalho, a queda das diferenças salariais entre diferentes categorias de trabalhadores e a expansão de programas de transferência de renda em vários países.
A pior
Com índice de 0,65, Goiânia é a cidade mais desigual da América Latina, seguida de Fortaleza, Bogotá, Belo Horizonte, Brasília e Curitiba. Rio de Janeiro aparece na 13.ª posição e São Paulo, na 19.ª.
Das seis cidades com pior distribuição de renda, cinco são brasileiras.
DiferençasLatino-americanos têm a pior distribuição de renda, segundo estudo
Folhapress
Graças ao aumento da renda do trabalho e a programas oficiais de transferência de recursos em vários países, a pobreza diminuiu na América Latina, mas a região segue como a "mais desigual do mundo", segundo relatório da ONU-Habitat.
A taxa de pobres cedeu de 48% em 1990 para 33% em 2009 ou 180 milhões de pessoas. Desse total, 13% eram indigentes essa faixa representava 23% em 1990. Foram consideradas pobres famílias com renda per capita inferior a dois dólares por dia. Na região, a disparidade entre os países também se mostrava grande.
Argentina, Chile e Uruguai tinham baixa taxa de pobreza (inferior a 12%), enquanto mais da metade dos habitantes de Bolívia, Guatemala e Paraguai era pobre. No Brasil, o porcentual situava-se em 22%.
No conjunto dos países, 20% da população mais rica possuía uma renda per capita 20 vezes superior à dos 20% mais pobres. Em 2009, o PIB per capita médio da região era de US$ 4.823, abaixo da média mundial (US$ 5.868).
Apesar do crescimento econômico mais acelerado e da redução da pobreza nos últimos anos, o Brasil ainda é um dos países mais desiguais da América Latina. Figurava em quarto lugar, atrás apenas de Guatemala, Honduras e da Colômbia. Em 1990, o Brasil era o campeão em desigualdade.
A América Latina representa 7% do PIB global, menos do que sua participação na população (8,5%).