Após se reunir com a presidente Dilma Rousseff no Planalto em sua primeira viagem após eleito na Argentina, Mauricio Macri disse que os dois países têm uma preocupação com a situação na Venezuela, mas que “cada um manifesta da sua maneira”.
“Há uma preocupação, que, claro, cada um manifesta da sua maneira. Mas no fundo da questão, compartilhamos os mesmos valores”, afirmou Macri, que disse ter reforçado a Dilma sua posição de pressionar o Mercosul para acionar a cláusula democrática do bloco contra a Venezuela.
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Leia a matéria completa“Ambos os países, ambos os dirigentes e ambas as equipes têm um compromisso com a democracia, com a defesa dos direitos humanos e as liberdades”, disse, destacando que é preciso observar com atenção as eleições legislativas de domingo (6) na Venezuela. “Esperamos que as eleições se ratifiquem e tragam a democracia e a paz.”
O Brasil é o primeiro país visitado por Macri após sua eleição. A visita já estava marcada quando o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, acatou, na última quarta (2) o pedido de impeachment contra a presidente Dilma.
Segundo Macri, a anfitriã estava “tranquila” e lhe explicou o que estava acontecendo no país. Para ele, este é um tema que compete ao Brasil.
“Confio plenamente nas instituições do Brasil. É um país forte, sólido, que conseguiu nas últimas décadas uma consolidação sistemática do sistema democrático”, disse Macri a jornalistas.
Para ele, a passagem-relâmpago por Brasília serve para “ratificar o afeto, o compromisso, o respeito e a confiança de que temos um futuro melhor juntos”. “Temos muito para nos complementar e desafios muito importantes”, disse.
O presidente eleito da Argentina disse que Dilma confirmou a presença em sua posse, no próximo dia 10, e Buenos Aires, e que os dois devem se reunir bilateralmente na ocasião.
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Leia a matéria completaA presidente Dilma fez ainda um convite para que Macri volte ao Brasil, numa visita de Estado, em breve. A viagem seria uma oportunidade de o argentino vir com uma delegação maior e acompanhado de empresários.
Escalação
Do lado brasileiro, participaram da reunião o chanceler Mauro Vieira, o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Armando Monteiro, o assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, o embaixador brasileiro em Buenos Aires, Everton Vargas, e o subsecretário do Itamaraty para América do Sul, Paulo Estivallet de Mesquita.
Macri estava acompanhado da futura chanceler, Susana Malcorra, de seu chefe de gabinete, Marcos Peña, do futuro assessor de assuntos estratégicos da Casa Rosada, Fulvio Pompeo, e do embaixador da Argentina no Brasil, Luis Maria Kreckler.
Macri não era a preferência de Dilma para a Casa Rosada, e a presidente chegou a receber, antes das eleições, o então candidato governista Daniel Scioli no Planalto.
De Brasília, Macri partiu para São Paulo, onde almoçará com mais de cem empresários na Fiesp, e receberá a Ordem do Mérito Industrial São Paulo, que já premiou Cristina Kirchner em 2013.
Após a escala em São Paulo, o presidente eleito embarca para o Chile.
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