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Mercosul

Brasil e Argentina vão negociar em real e peso no lugar do dólar

Rio – O Brasil e a Argentina devem ter comércio bilateral em pesos e reais já a partir de 2007. O anúncio foi feito ontem pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao fim de reunião dos ministros das finanças do Mercosul, no Palácio Itamaraty, no Rio de Janeiro.

Empresas e bancos não precisarão mais trocar dólares para as operações de exportação e importação entre os dois países, que este ano até julho somam US$ 10,687 bilhões.

"É o primeiro passo para uma moeda comum", afirmou. A utilização da moeda norte-americana para o comércio entre os dois países ficará restrita aos bancos centrais e com o volume reduzido ao saldo do comércio diário.

Para Mantega, o projeto deve ter efeitos benéficos no sentido de ampliar o comércio entre os países participantes e evitar a valorização do real frente ao dólar, que o ministro considera "excessiva" atualmente.

Também deve reduzir os custos das transações comerciais, facilitar a participação de pequenas e médias empresas, aumentar a competitividade dos produtos dos dois países e facilitar o curso das moedas dos países que estiverem no sistema pelos demais participantes, fortalecendo sua aceitação.

A idéia é que os outros países do Mercosul venham a participar do mesmo sistema de pagamentos, com suas respectivas moedas. O fluxo entre Brasil e Argentina corresponde a cerca de 80% do total do Mercosul. O sistema está em desenvolvimento e a "arquitetura cambial" deve estar pronta no fim do ano, disse Mantega.

Na reunião de cúpula do Mercosul, marcada para 15 de dezembro deste ano, essa "arquitetura" será anunciada pelos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, da Argentina, Néstor Kirchner e eventualmente por presidentes de outros países que se integrem ao projeto.

Segundo Mantega, o novo sistema precisará da aprovação dos respectivos Congressos, mas não deve haver dificuldade de aprovação, pois é uma medida técnica que beneficia os países envolvidos.

Na entrevista coletiva dos ministros dos países do Mercosul, o do Uruguai, Danilo Astori, destoou dos demais. Ele levantou o tema dos problemas no bloco, "até no comércio", e confirmou que o país poderá vir a fazer um acordo bilateral com os Estados Unidos. Segundo ele, porém, a fase ainda não é de negociação propriamente, mas de "conversações exploratórias".

Mantega afirmou que os demais países entendem as necessidades do Uruguai "de firmar algum acordo que não fira os princípios do Mercosul". Disse acreditar que isso é possível.

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